Vamos continuar às homenagens ao Zagallo com esse jogo entre Flamengo e São Paulo de 2001. E olha a ironia, homenageando um dos maiores vitoriosos do futebol brasileiro com, pela primeira vez no Francêsguista, um jogo eterno que acabou com uma derrota do Flamengo. Mas a derrota não impediu o título do Flamengo, o último da carreira de Zagallo, mais uma vez campeão, então tudo está na ordem.
Eu já escrevi sobre a competição, a Copa dos Campeões, com campeões de várias competições estaduais e nacionais, e o jogo de ida da final, uma chuva de gols entre Flamengo e São Paulo no Almeidão de João Pessoa. No final, um jogo eterno aqui e uma vitória 5×3 do Flamengo. Três dias depois, as duas equipes ficaram para o jogo de volta no Nordeste, desta vez em Maceió, no estádio Rei Pelé. O estádio foi chamado assim porque a inauguração aconteceu poucas semanas depois do tricampeonato da Seleção, Pelé fazendo show nos gramados mexicanos, sob a maestria do técnico Zagallo. E mais, jogo aconteceu em Maceió, cidade natal de Zagallo. O ciclo estava quase fechado, só faltava o título.
No 11 de julho de 2001, Zagallo escalou Flamengo assim: Júlio César; Alessandro, Juan, Gamarra, Cássio; Leandro Ávila, Rocha, Beto, Petkovic; Edílson, Reinaldo. Flamengo se classificou para a Copa dos Campeões como campeão carioca, com o gol eterno de Pet contra Vasco, também um jogo eterno no Francêsguista. Já o São Paulo se classificou graças a vitória no Torneio Rio – São Paulo e a grande atuação de um jovem craque, Kaká. São Paulo tinha um timaço, ao lado de Kaká, tinha Rogério Ceni e Belletti, que também foram pentacampeões do mundo um ano depois. O Tricolor tinha uma dupla de ataque poderosa com França e Luís Fabiano, e ainda tinha Júlio Baptista no banco. Um timaço, mas Flamengo tinha um maestro na armação do jogo, Petkovic, e um maestro no banco, Zagallo.
Precisando da vitória, São Paulo partiu ao ataque, sem fazer o gol. Flamengo reagiu, também sem fazer o gol. São Paulo insistiu, ainda sem fazer o gol. O jogo estava longe da chuva de gols do jogo de ida, até o finalzinho do primeiro tempo, quando França recebeu a bola na esquerda, avançou e achou Kaká. Bem ao seu estilo, Kaká fez um drible curto, e chutou bem, chutou forte, chutou preciso, bola na gaveta, São Paulo na frente no jogo, mas Flamengo ainda campeão.
São Paulo podia acreditar ao título no intervalo, momento para os técnicos de achar as palavras certas para incentivar o time. Zagallo era um mestre neste quesito. Com apenas dois minutos no segundo tempo, uma falta para Flamengo, na direita. Petkovic era um mestre neste quesito. Pet cruzou, a curva foi sensacional, Juan cabeceou, a bola foi nas redes. Flamengo empatou no jogo e estava bem perto do título.
O título se aproximou ainda mais dez minutos depois, com uma falta a 25-30 metros do gol são-paulino. Petkovic eternizou-se na história do Flamengo com o golaço de falta na hora do Tri contra Vasco, no minuto 43 no Maraca. Mas alguns cegos, loucos, burros tiveram a ousadia de dizer que foi sorte. Não, era trabalho, talento, dedicação, era um gol com a cara do Flamengo, do Petkovic. Então Petkovic fez um gol bis, a mesma corrida, o mesmo chute, a mesma força, o mesmo ângulo. E Rogério Ceni virou Helton, só conseguindo se aproximar da bola, sem impedir o golaço. E mesmo com os dois gols de França e a vitória parcial de São Paulo, Flamengo virou campeão, voltou na Libertadores quase dez anos depois da última participação. Assim, foi, na sua cidade natal, o último título de Zagallo, concluindo uma das carreiras mais vitoriosas de todos os tempos.








Deixe um comentário