Jogos eternos #143: Flamengo 5×1 São Paulo 2021

Apesar de Flamengo x São Paulo ser um clássico do futebol brasileiro, não tinha tantas possibilidades na hora de relembrar um jogo eterno. Até porque já escrevi sobre o jogo de 2007 e o nascimento de um dos cantos mais bonitos da torcida, até porque guardo o jogo de 2009 e o pênalti de Pet para uma outra oportunidade. Até porque Flamengo viveu um jejum contra São Paulo, com 9 jogos sem vitória entre 2017 e 2021. Vamos então para o jogo que quebrou o jejum, de uma maneira impressionante. Outro motivo de escolher esse jogo é para festejar Bruno Henrique que fez recentemente o gol do título do campeonato carioca, inclusive um golaço.

Flamengo começou o Brasileirão de 2021 de maneira bem modesta, com 4 vitórias e 4 derrotas nos 8 primeiros jogos, o que forçou a saída do técnico Rogério Ceni. No seu lugar, foi nomeado Renato Gaúcho. Confesso que sou muito fã do jogador, que inclusive brilhou muito com o Manto Sagrado no ano histórico de 1987 e um jogo eterno contra o Galo, e também gostei do trabalho dele como técnico no Grêmio. Estava de um otimismo que só foi reforçado depois dos primeiros jogos de Renato Gaúcho como técnico do Flamengo: vitória na Argentina na Copa Libertadores para a estreia e em seguida duas goleadas: 5×0 na Bahia e 4×1 na Liberta, de novo contra Defesa y Justicia. Só faltava colocar um fim ao incomodante jejum contra São Paulo.

No 25 de julho de 2021, Renato Gaúcho escalou Flamengo assim: Diego Alves; Matheuzinho, Gustavo Henrique, Rodrigo Caio, Filipe Luís; Willian Arão, Diego, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol. E foi Bruno Henrique o primeiro acionado, depois de tabelinha com Arrascaeta, chutou, mas parou nas mãos do goleiro Tiago Volpi. Ainda não era a hora de Bruno Henrique de brilhar. Depois de um último lance de Matheuzinho, o arbitro apitou o intervalo, o jogo ainda estava sem gol. O segundo tempo será bem diferente.

E já no início do segundo tempo, num escanteio de Rodrigo Nestor, Arboleda cabeceou e abriu o placar para o São Paulo, que ficava mais perto do décimo jogo consecutivo sem perder contra Flamengo. Mas nas arquibancadas, ninguém podia imaginar o que ia acontecer. E não porque a arquibancada estava vazia, ainda por causa da pandemia. Mas porque ninguém podia imaginar o que ia acontecer, mesmo os fãs mais ferozes do Bruno Henrique. Cinco minutos depois do gol, numa bola alta de Arrascata, Bruno Henrique dominou e chutou nas redes. Mas o juiz viu um domínio com o braço e anulou o gol. Ainda não era a hora de Bruno Henrique. Mas se aproximava.

Na metade do segundo tempo, num escanteio curto, Arrascaeta, sempre ele, cruzou. Bruno Henrique chegou e meio do pé direito, meio do pé esquerdo, empatou. E dois minutos depois, Bruno Henrique, sempre ele, recebeu de Filipe Luís. De costas, dominou de sola. Girou, chutou, golaçou. O chute saiu bonitinho, a curva foi impressionante, a finalização na gaveta também. Inclusive relembra anteriormente o gol do título do campeonato carioca de 2024, feito há dez dias, contra Nova Iguaçu. Bruno Henrique merece muito esse gol, como merecia o doblete em 2 minutos contra São Paulo.

E o doblete em 2 minutos virou música, virou hat-trick em 7 minutos. Outro escanteio, de Arrascaeta claro, para a cabeçada de Bruno Henrique, no gol claro. Três gols em 7 minutos, de todo jeito, de primeira, de longe, de cabeça. Bruno Henrique é o artilheiro completo, que pode matar um time em pouco tempo, muito pouco tempo. Talvez o mais impressionante é que esse hat-trick em 7 minutos não é um recorde para Bruno Henrique, que fez 3 gols em 4 minutos e 2 segundos contra o Corinthians em 2019. Mas teve o intervalo entre o segundo e o terceiro gol, então talvez minha preferência vai para o hat-trick contra São Paulo, além da beleza plástica dos gols. Certeza é que Bruno Henrique era, ainda é, um craque do futebol brasileiro.

Flamengo virou, quebrou o jejum, Renato Gaúcho podia mexer, mexeu bonito, com as entradas de Vitinho e Pedro. Numa falta, o primeiro achou o segundo, que cabeceou, Gustavo Henrique só teve a empurrar a bola no fundo das redes para o jogo virar goleada. E no tempo adicional, a goleada foi ampliada, uma tabelinha entre Vitinho e Bruno Henrique, na pressão de Michael, outro jogador saindo do banco, o defensor tricolor Welington fez gol contra. No final, uma goleada 5×1, mas o que valia mesmo, era o show de Bruno Henrique, que deu, e ainda dá, tantas alegrias aos torcedores rubro-negros durante tantos anos.

Uma resposta para “Jogos eternos #143: Flamengo 5×1 São Paulo 2021”.

  1. Avatar de Jogos eternos #185: São Paulo 0x4 Flamengo 2021 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] Michael continuou a driblar adversários, infernizar defesas inteiras, dar assistências para os companheiros, fazer gols para a torcida e a vitória. Às vezes fazia dobletes, como contra Fortaleza e o Atlético-GO. Nos 5 últimos jogos antes do jogo contra São Paulo, Michael tinha feito 5 gols. Num time que tinha muitos desfalques no setor ofensivo (já na época…), Michael virou a referência do ataque, o melhor jogador do time. A partida contra São Paulo foi o reencontro entre Rogério Ceni, que voltou a ser técnico do São Paulo, e Flamengo. Também era oportunidade de vingança para São Paulo, já que foi duramente goleado 5×1 na ida no Maraca, com show de Bruno Henrique, um jogo eterno no Francêsguista. […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”