É a primeira vez que eternizo tão rapidamente um jogo aqui. Mas o Flamengo x Vasco do 2 de junho de 2024 é eterno desde o 2 de junho de 2024, quando apagou parcialmente a vitória 6×2 em 1943 para se tornar a maior goleada do Flamengo em cima do Vasco.
Um ano antes, assisti no Maracanã ao Clássico dos Milhões, também no início do Brasileirão. Flamengo fez um primeiro tempo quase perfeito e voltou aos vestiários com um 4×0. E a torcida do Vasco já voltou em casa. Mas Flamengo levou o pé no segundo tempo e finalmente venceu “apenas” 4×1. Foi para mim uma goleada frustrante. Quando o adversário é Vasco, não tem piedade, o objetivo deve ser sempre fazer o maior número de gols possíveis, já que a vitória, nos últimos anos, é quase uma certeza até antes do apito inicial.
No 2 de junho de 2024, Tite escalou Flamengo assim: Rossi; Varela, David Luiz, Fabrício Bruno, Viña; Allan, De La Cruz, Gerson; Arrascaeta, Everton Cebolinha, Pedro. Um timaço e uma oportunidade em caso de vitória maior que a do Bahia de voltar ao seu devido lugar, no topo da tabela. Mas o jogo começou mal, Vegetti fez um golaço para Vasco e Flamengo estava atrás no placar. A torcida do Vasco comemorou, sem saber ainda o pesadelo por vir.
A torcida do Flamengo ficou meio preocupada, Flamengo passou a dominar o jogo, ainda sem fazer o gol do empate. Até o 28o minuto, Maicon saiu mal, De La Cruz cabeceou, Arrascaeta fez apenas o toque leve, suficiente para deixar a bola viva, ainda no ar. De primeira, Everton Cebolinha voleiou, golaçou, empatou. Cinco minutos depois, mais um golaço. Agora, Everton Cebolinha no começo da jogada, com um cruzamento leve, que deixou o goleiro fora do lance. De primeira, Pedro peitou, golaçou, virou.
Ainda no primeiro tempo, Gerson quase fez o terceiro, mas Léo Jardim, olha que o Vasco tem um bom goleiro, defendeu com a cabeça. Escanteio de Cebolinha, voleio de David Luiz, estranhamente sozinho na grande área perdida do Vasco. O carecaludo fez o segundo gol dele com o Manto Sagrado, o primeiro no Maracanã. Importantíssimo em 2022, David Luiz fez um grande jogo contra Vasco e ainda pode ajudar Flamengo a conquistar títulos. No intervalo, 3×1 para Flamengo, mas como o adversário era Vasco, eu queria mais, ainda mais com a expulsão de João Victor, que deixava Flamengo com um homem a mais.
No início do segundo tempo, bola de Gerson para Pedro, que com um toque só, deixou a bola em cima da zaga vascaína. Arrascaeta dominou e com a ajuda do corpo, venceu o duelo com Léo. Ainda faltava a finalização, e com o espírito do craque, Arrascaeta esperou a saída de Léo Jardim para o toque leve em cima dele, para o quarto gol flamenguista do dia. Nessa altura, já não tinha mais todos os 62.228 presentes no Maracanã no início do jogo. O torcedor vascaíno foi buscar a cerveja no intervalo, sentiu o quarto gol nos corredores, e mais uma vez, voltou mais cedo para a casa. O placar de 4×1 de 2023 estava igualado, mas, como se tratava do Clássico dos Milhões, eu queria mais.
E o quinto chegou, bola de Gerson para Arrascaeta, para um domínio sensacional, que deixou Galdames perdido no meio de campo. Arrascaeta girou, acelerou, fixou a defesa, abriu na esquerda. Posição ideal para Bruno Henrique, que à la Tardelli de 2009, achou a rede oposta para fazer mais um golaço no jogo. Gerson, Arrascaeta, Bruno Henrique, goleada, Maracanã em festa, tinha um ar de 2019 no gramado.
E para completar mais, Gabigol entrou em campo. Diferente de 2019, sob vaias da torcida flamenguista. Também diferente de 2019, a camisa nas costas do Gabigol, não mais a camisa 9 eterna, e também diferente do início de 2024, não mais a camisa 10, que podemos esquecer quando se trata do Gabigol. Achei a polêmica da camisa do Corinthians exagerada, considerando que Gabigol estava em casa. Mas também não pode saber o que foi de propósito e o que não foi, entendo a reação de uma parte da Nação, ainda mais com os jogos decepcionantes de Gabigol desde mais de um ano. Também entendo a decisão da diretoria do Flamengo de tirar a camisa 10 de Zico, que é mais que uma honra, é uma responsabilidade. E confesso que gosto da camisa 99 de Gabigol, o duplo 9, cai bem para um artilheiro nato e redimido como Gabigol. Acho que ele pode fazer história com a camisa 99.
E Tite fez entrar em campo ao mesmo Wesley e Luiz Araújo. E entre os minutos 43 e 44 do segundo tempo, um momento eternizado tantas vezes no Clássico dos Milhões, Valido em 1944, Rondinelli em 1978, Petkovic em 2001, jogada começou mais uma vez nos pés de Arrascaeta. Para Luiz Araújo, de calcanhar para Wesley, o cruzamento para Gabigol. Maicon tocou levemente na bola, o que pode transformar o gol certo em gol perdido. Mas Gabigol é predestinado, tocou, brocou, fechou o caixão vascaíno, fechou a goleada, a maior para Flamengo na história do Clássico dos Milhões. Gabigol beijou o escudo do Flamengo, se declarou ao clube e a torcida, falou que queria ficar aqui muito tempo. Um final perfeito para um Flamengo x Vasco eterno.








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