Na última vez que Flamengo jogou contra Fortaleza no Maracanã, escrevi uma crônica sobre a goleada 8×0 de 1981, com 5 gols de Nunes na ausência de Zico. Antes do jogo de hoje, fico no mesmo período, volto com Zico, troco de adversário cearense, o Ferroviário. Fundado em 1933, o Ferroviário é eneacampeão cearense, joga agora na Série C e tem o São Paulo FC com inspiração no escudo.
No Brasileirão de 1982, no início do ano, Flamengo começou justamente contra São Paulo, um jogaço já eternizado no blog, com vitória do Flamengo de virada. Depois, Flamengo venceu Náutico, também de virada, e goleou Treze 5×0. Zico já estava em grande forma, marcando nos 3 jogos, com 5 gols no total. No 31 de janeiro de 1982, Paulo César Carpegiani escalou Flamengo assim: Raul; Leandro, Marinho, Mozer, Júnior; Andrade, Adílio, Zico; Popéia, Edson, Nunes.
Com 11 minutos de jogo, Edson cruzou alto, do outro lado Popéia impediu a bola de sair e fez o passe par Nunes, que cruzou. De cabeça, Zico fez o gol. Com 10 minutos de jogo, agora no segundo tempo, um escanteio para Flamengo. Bola foi no meio da grande área, no pé de Andrade, bola ficou duvidada. De pé esquerdo, Zico fez o gol. Sempre me impressionou com a capacidade de Zico de combinar a habilidade do craque e a combatividade do jogador comum, de sempre acreditar na bola, acreditar no gol.
Dois minutos depois, mais uma alegria para o Maracanã e suas 30.064 almas do dia. Uma jogada típica do Flamengo desta época, escanteio curto de Nunes para Adílio, que devolveu a Nunes. Para escapar do zagueiro, Nunes jogou em um toque só, no espaço, para Júnior. Com a experiência do futebol de areia e o talento natural, Júnior levou a bola, bicicletou. Do pé direito, Zico fez o gol. Flamengo 3×0 Ferroviário, com 3 gols de Zico.
Adoro o hat-trick “perfeito”, um gol de cabeça, um do pé esquerdo, um do pé direito, para mostrar toda a capacidade de Zico, um dos jogadores mais completos da história. Ainda mais, 3×0 foi o placar final, para dar uma impressão ainda mais forte de perfeição. Talvez só não ter um gol de falta impede a perfeição mais pura. Aconteceu uma outra vez uma vitória 3×0 com 3 gols de Zico, por coincidência contra um time com um nome quase igual, a Desportiva Ferroviária, no Brasileirão de 1980. Deixo esse jogo para um outro dia, fico hoje com a perfeição de Zico.








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