Jogos eternos #230: Flamengo 7×1 ADN Niterói 1979

Hoje tem a 20a edição do tradicional Jogo das estrelas organizado pelo Zico no Maracanã. Então é a hora de homenagear Nosso Rei e como amanhã faria dois anos que o Pelé, o Rei do futebol, nos deixou, vamos falar sobre um jogo que envolve os dois. Eu já escrevi sobre o Flamengo x Atlético Mineiro de 1979, quando os dois Reis caminharam juntos com o Manto Sagrado, e eu vou agora de um outro jogo de 1979, contra Niterói, com Zico artilheiro, usando a coroa do Rei, fazendo o gol que Pelé não fez.

O ano de 1979 foi a temporada mais artilharia de Zico, com 81 gols apenas com o Flamengo, 89 gols contando a Seleção brasileira. Sim, 81 gols em 70 jogos com o Manto Sagrado, números absurdos para qualquer centroavante, ainda mais para um meio-campista, que também fazia jogar o time. Teve 2 gols de falta contra o America, outro jogo eterno no Francêsguista, 3 gols contra São Cristóvão, até 6 gols contra Goytacaz. Zico virou neste ano de 1979 o maior artilheiro da história do Flamengo e ainda tinha muitas coisas para fazer, muitos títulos para decidir, muitos gols para alegrar a geral, a Nação e qualquer apaixonado de futebol.

No início de junho de 1979, Flamengo perdeu contra o Botafogo, fim de uma série de 52 jogos sem derrota, e perdeu a oportunidade de ultrapassar o recorde do próprio Botafogo, que também passou 52 jogos invictos um ano antes. Quatro dias depois, Flamengo estava de novo em campo e Zico fez os 3 gols rubro-negros na vitória 3×1 sobre Bangu. Três dias depois, de novo Flamengo em campo, vale repetir que Zico disputou durante a temporada 70 jogos só com o Flamengo, número absurdo hoje e até ontem. No 10 de junho de 1979, Cláudio Coutinho escalou Flamengo assim: Cantarele; Ramirez, Manguito, Rondinelli, Júnior; Paulo César Carpegiani, Adílio, Zico; Tita, Cláudio Adão, Júlio César.

O adversário é ADN Niterói e o palco é agora o estádio Caio Martins de Niterói. O estádio era lotado, o publico pagou para ver o Flamengo jogar, o time em acensão no futebol brasileiro, pagou para ver Zico brilhar, dar assistências e alegria, fazer gols e magia. Surpreendentemente com uma goleada assim, foi Niterói que fez o primeiro gol do jogo com um chute de Jorge Luís mal defendido pelo Cantarele, abrindo o placar com apenas 7 minutos de jogo.

Flamengo reagiu só no final do primeiro tempo, escanteio de Júnior, cabeçada de Cláudio Adão, meio-voleio de Zico, gol do Flamengo. E o Mengão virou ainda no primeiro tempo, agora sem participação de Zico, mas segunda assistência de Cláudio Adão, para Adílio, com o toque leve, preciso, bonito, um beijo na bola, que beijou a rede. No intervalo, Flamengo na frente, com um gol de Zico. E o Adílio, para Esporte Interativo, lembrou sobre Zico: “Quando ele faz o primeiro gol, ele quer fazer o segundo gol”. E assim em diante.

E o segundo tempo pertenceu apenas, ou quase, ao Zico. Com apenas 2 minutos de jogo, Ramirez cruzou, Zico cabeceou certíssimo, sem chance para o goleiro Passarinho. Onze minutos depois, Reinaldo, que entrou no lugar de Júlio César, cravou o pênalti. Zico bateu certíssimo e completou o hat-trick. Nove minutos depois, outro gol do Flamengo, outro gol de Zico. Outro cruzamento vindo da direita, Zico cabeceou bem e trocou de lugar no gol, agora na esquerda de Passarinho, final igual, bola na rede, gol do Flamengo, gol de Zico.

E 4 minutos depois, chegou a maravilha, o golaço, o gol que definitivamente eternizou esse jogo, coroou Nosso Rei Zico. Quando se fala do “gol que Pelé não fez”, sempre se refere ao chute do meio do campo na estreia da Copa de 1970, contra a Tchecoslováquia, quando Pelé chutou do meio da rua e a bola apenas flirtou com a trave de Viktor. Com Zico não. Zico fez o gol que Pelé não fez contra o Uruguai na semifinal da mesma Copa de 1970, quando driblou o goleiro Mazurkiewicz sem tocar a bola. Nove anos depois, no lugar do garçom Tostão, Adílio, que fez o passe perfeito no espaço certo para Zico, vindo de diagonal. E Zico teve a inspiração, fez a finta para queimar as asas de Passarinho, o deixar preso no chão. Recuperou a bola do outro lado e fez o golaço antes da chegada do zagueiro. Um gol reservado aos Reis, o gol que Pelé não fez e que ninguém fez, só Zico fez. Nosso Rei.

Zico fazia o quinto e fez o sexto, de novo com passe de Adílio. Pelé fez 8 gols contra o Botafogo de Ribeirão Preto mas fora esse jogo, o homem de mil gols nunca ultrapassou os 5 gols em um jogo. Só no ano de 1979, Zico teve dois jogos com 6 gols. Assim era Nosso Rei, capaz de compilar os gols e lembrar o Rei do futebol, com um gol que nem Pelé fez.

3 respostas para “Jogos eternos #230: Flamengo 7×1 ADN Niterói 1979”.

  1. Avatar de ALDIR MARQUES BRITO
    ALDIR MARQUES BRITO

    Eu estava neste jogo com meu pai !!

    Momentos muito bom de lembrar!

    Curtir

  2. Avatar de Jogos eternos #235: Flamengo 5×1 Serrano 1979 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] o campeonato carioca de 1979 com doblete contra Bonsucesso e São Cristóvão, fez 3 contra Bangu, 6 contra Niterói, um jogo eterno no Francêsguista. Fez os 4 do Mengo na vitória 4×3 sobre Goytacaz, os 2 no 2×0 contra a Portuguesa, […]

    Curtir

  3. Avatar de Jogos eternos #241: Flamengo 3×1 Bangu 1979 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] voltava a vencer e fez ainda melhor no jogo seguinte, também eternizado no Francêsguista, com vitória 7×1 sobre Niterói, 6 gols de Zico. Flamengo ainda ganhou os outros 5 jogos seguintes no campeonato carioca, antes de uma derrota num […]

    Curtir

Deixe um comentário

O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”