Jogos eternos #291: Flamengo 3×0 Bangu 2020

Sem jogo do Flamengo hoje, volto ao passado com um jogo que aconteceu exatamente há 5 anos. E não era qualquer jogo, era a volta do futebol brasileiro depois de três meses parados por causa da pandemia de Covid-19.

A volta do futebol gerava debates já que o Brasil tinha mais de 45 mil mortes do Covid. Em junho de 2020, era uma média de mais de mil mortes por dia, com um triste recorde de 1.470 óbitos no único dia do 4 de junho de 2020. Duas semanas depois, o futebol estava de volta no Rio de Janeiro, mesmo com quase 300 mortes por dia só no estado fluminense. Do outro lado, sem jogos, a economia do futebol não funcionava e muitos funcionários de clubes foram demitidos. O clube do Flamengo, com diretoria próxima ao presidente Jair Bolsonaro, estava em favor da volta do futebol. Mesmo que seu funcionário mais antigo, o eterno Jorginho, massagista do clube desde 1980, morreu do Covid no mês de maio.

O futebol carioca estava de volta, o Flamengo também, com uma mistura de doce e salgado. Eu tinha saudade do futebol e do Flamengo, mas a situação sanitária estava dramática e parecia que só piorava, com muitas informações e ainda mais desinformação. Mesmo sendo contra uma volta antecipada do futebol, eu estava na televisão para assistir ao jogo do Flamengo, num Maracanã vazio, tinha que se acostumar. No 18 de junho de 2020, o ainda técnico do clube Jorge Jesus escalou Flamengo assim: Diego Alves; Rafinha, Léo Pereira, Rodrigo Caio, Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol.

O adversário era Bangu e o primeiro lance de perigo foi para Gabigol, que chutou de perna esquerda mas a bola apenas flirtou com a trave. Na direita, Rafina cruzou, a bola flirtou com a cabeça de Bruno Henrique e voltou no pé esquerdo de Arrascaeta, que fuzilou o goleiro para abrir o placar. Flamengo voltava ao futebol sem as pernas de 2019, mas ainda era capaz de brilhar. Na metade do segundo tempo, Michael lançou na profundidade Gabigol, que ganhou do adversário e cruzou para o cabeceio de Bruno Henrique, sem chance para o goleiro.

No final do jogo, Gabigol, em dia de garçom, cortou no meio e deixou a bola para Pedro Rocha que, três minutos depois de entrar no jogo, fez seu único gol com o Manto Sagrado. Sem convencer nem comover, a não ser no minuto de silêncio em homenagem a Jorginho e às vítimas do Covid, Flamengo vencia facilmente Bangu. O futebol estava de volta em terras cariocas. No mesmo dia, 274 pessoas morreram do Covid no estádio de Rio de Janeiro, inclusive dois no hospital de emergência montado no próprio complexo do Maracanã.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”