O Flamengo deu muitas alegrias desde 2019. Mas antes, já fomos muitos felizes, com times de menos qualidade. Mas o Manto Sagrado era o mesmo. Ou quase, o fornecedor era outro. Acho a camisa de 2008 a mais bonita da história recente do Flamengo, gosto também muito do Manto dos anos 1980. E o ano de 2008 foi bom, um dos primeiros onde acompanhei religiosamente o time.
O Flamengo de 2008 estava bem de ídolos. O goleiro Bruno não é mais ídolo por causa do que ele fez, mas era um grande goleiro, um dos melhores que vi no Flamengo com Diego Alves. Na zaga, Ronaldo Angelim fez muita história no clube, mas confesso que gostava ainda mais do Fábio Luciano. Era nosso capitão e achava ele muito carismático. A dupla de laterais Léo Moura – Juan era incrível, de um apoio de sempre no ataque. Não foi melhor do que a dupla Filipe Luís – Rafinha, mas eram outros tempos. Era um prazer de ver eles jogar.
No meio de campo, Flamengo contratou um campeão do mundo, Kleberson. Tinha ainda Ibson, que fez uma temporada de 2007 incrível, era o melhor jogador de meus tempos ainda recentes de torcedor assíduo do Flamengo. Depois chegou outro craque, que eu gostava muito na Europa já, Marcelinho Paraíba. A passagem foi rápida, mas honrou o Manto Sagrado. E tinha também o craque da casa, o primeiro da base que vi crescer, Renato Augusto. No ataque, outra dupla carismática, Souza e meu primeiro ídolo, Obina. Os dois eram limitados, mas eram outros tempos. Deram muita alegria aos flamenguistas. Até de técnico, Flamengo tinha alguém limitado, mas carismático, Joel Santana. Adorava o Papai Joel.
No campeonato carioca, Flamengo jogou a final da Taça Guanabara contra Botafogo. Wellington Paulista abriu o placar e Ibson empatou de pênalti. Foi um jogo de polêmicas, de brigas, de expulsões, de chororô também. Diego Tardelli fez um golaço no fim do jogo para a alegria dos flamenguistas e o choro dos botafoguenses. Eu não era um grande fã de Diego Tardelli, mas ele melhorou muito o ataque e fez um dos golaços mais icônicos da história do Flamengo. E no jogo seguinte, Souza, fez uma das comemorações mais icônicas, o chororô, que voltou depois a ser eternizado pelo Hernane, Vinícius Júnior e Gabigol.
Na Libertadores, Flamengo ficou no primeiro lugar de seu grupo, e no segundo lugar da classificação geral, atrás apenas de um rival, Fluminense. O Fla-Flu é meu clássico favorito desde sempre, desde o início de tudo, ou melhor, meu amor pelo Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada. Tínhamos perdido 4×1 no campeonato carioca e já estava louco para um Fla-Flu na Libertadores. Revelação do início do ano foi Marcinho, um jogador de muita velocidade, ousadia e gols também. Adorava ele, adorava o elenco de 2008.
Na final do campeonato carioca, de novo contra Botafogo, Flamengo perdeu o jogo de ida e também levou o primeiro gol do jogo de volta, com um frango de Bruno. Mas esse Flamengo era time de desafio, de superação, de virada. No segundo tempo, Obina empatou e no fim do jogo, com outros gols de Tardelli e de novo de meu ídolo Obina. Flamengo campeão. Campeão da Copa do Brasil 2006 contra Vasco, campeão carioca 2007 contra Botafogo, campeão carioca 2008 de novo contra Botafogo, meus inícios de torcedor flamenguista acompanhando o time eram quase perfeitos. E a festa no Maracanã foi de novo muita linda. Se eu tenho saudade do time de 2008 apesar do time de hoje ser bem melhor, a saudade do Maracanã é diferente, é uma saudade que não passa, ou que passa para sempre voltar. Só o antigo Maracanã não pode voltar. Foi destruído para sempre.
Eu estava cheio de alegrias mas a vida do torcedor é de altos e baixos, da alegria mais pura a decepção mais absoluta, do grito de campeão ao grito de desespero. Nas oitavas de final da Libertadores, Flamengo era quase classificado depois de ganhar 4×2 no México. Quase. Sem alguns titulares, Flamengo perdeu 3×0 no Maracanã. Um outro Maracanaço. Não assisti ao jogo ao vivo e não relembro bem onde estava quando soube da tragédia. Como um choque traumático. Ainda hoje não dá para entender. Achava e ainda acho que o time tinha possibilidade de ganhar a Libertadores. E eram outros tempos, o peso ainda era diferente de hoje, onde a diferença entre os times brasileiros e os outros é muito maior, e Flamengo é quase já semifinalista antes do início do torneio. Pior que o Fluminense foi na final esse ano e tinha a possibilidade de dois Fla-Flus na semifinal. Pelo menos Flu perdeu a final. Mas para o Fla, a temporada já estava meio perdida. Talvez esse outro Maracanaço contra o América é minha maior decepção no Flamengo, só a final do Mundial contra Liverpool pode competir, num outro tipo de decepção. Nem mesmo a perda da final da Libertadores 2021 contra Palmeiras foi tão dolorida.
Mas ainda tinha o Brasileirão a jogar, agora sem Renato Augusto e Marcinho. Passei até a odiar eles, eram outros tempos e eu era ainda bem jovem, não entendia a escolha de vestir outra camisa quando tinha a possibilidade de vestir o Manto Sagrado. No Brasileirão, Flamengo foi bem, foi até líder após uma goleada 5×0 contra Figueirense na quinta rodada. E depois ficou sete jogos sem vencer. Isso aqui também era Flamengo. Voltou a ganhar, goleou Coritiba e Palmeiras no fim do campeonato, com de novo Ibson jogando de terno. Contra Palmeiras, Ibson fez três, num Maracanã cheio, com a esperança de um hexa. Mas Flamengo ganhou apenas um ponto nos três últimos jogos e ficou até de fora da Libertadores.
Um ano de 2008 marcante, um elenco que ainda está no meu coração, mas um ano muito frustrante. Eram outros tempos e tempos melhores vão vir.








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