Ídolos #7: Ibson

Ídolos #7: Ibson

Eu já escrevi que meu primeiro ídolo no Flamengo foi Obina. Porque comecei a conhecer os jogadores do Flamengo em 2006, e Obina, cheio de carisma e gols, era o ídolo da torcida. Dessa época, também gostava de Léo Moura, Juan, Renato Augusto, Renato Abreu. Depois Bruno, Fábio Luciano, Claiton, Souza.

Primeiro Brasileirão que acompanhei foi em 2007. Eu já tinha conquistado um título com o Flamengo, a Copa do Brasil 2006, mas primeiro Brasileirão, foi 2007 mesmo. E o início do Flamengo no Brasileirão foi muito ruim, até para o Flamengo dessa época que decepcionava muitas vezes no Brasileirão. Nos 13 primeiros jogos, Flamengo ganhou apenas um jogo! Flamengo ficava na lanterna e Ibson chegou como grande reforço depois de semanas de incerteza.

Eu estava feliz com esse reforço, porque ele era cria da casa, começou como profissional no Flamengo em 2003 e ganhou o campeonato carioca 2004. Depois, foi no Porto, onde não se destacou tanto que outros brasileiros do clube portista, mas era um meia com muitas qualidades. Mas Ibson, camisa 7, recomeçou com o Flamengo com duas derrotas, contra Santos e o Atlético-PR. Ganhou seu primeiro jogo no último jogo do primeiro turno, contra Náutico, também primeira vitória depois da volta de um outro conhecido do clube, o técnico Joel Santana. Flamengo ganhou, mas Flamengo ainda era na vice-lanterna, com um verdadeiro risco de rebaixamento.

Mas o segundo turno foi melhor, muito melhor. Ibson fez seu primeiro gol, de cabeça, contra Goiás, na 21a rodada, onde a vitória deixava enfim Flamengo fora do Z-4. No Maracanã, já tinha mais de 50.000 pessoas. Esse Maracanã, o da reforma para os Jogos Pan-Americanos de 2007 é meu Maracanã particular, apesar de infelizmente nunca ter ido. Porque quando comecei a assistir aos jogos, era esse o Maracanã, e mesmo no computador, era um show incrível. A arrancada de 2007 não teria sido possível sem o Maracanã. Também não teria sido possível sem Ibson.

Ibson voltou a marcar contra Figueirense e depois contra São Paulo. Foi uma das vitórias mais marcantes da temporada, porque São Paulo tinha um timaço e era o líder disparado do campeonato, porque era até lá o maior publico do Brasileirão 2007, com quase 60.000 pessoas, porque Ibson fez o único gol do jogo, aliás um golaço.

E Ibson não era só gols claro, era de uma liderança técnica incrível, também um líder de homens. Ibson transformou o Flamengo de 2007 e o Flamengo de 2007 tinha a cara de Ibson. De lá até cá, talvez nenhum outro jogador carregou tanto sozinho um time do Flamengo. Era um show em campo do Ibshow, e também um show na arquibancada do Maraca. Depois de uma derrota contra Fluminense, Flamengo venceu 5 jogos consecutivos, e o recorde do publico do Brasileirão 2007 estava batido a quase cada jogo do Flamengo no Maracanã.

A torcida acompanhava o time, o time acompanhava o Ibson, mais líder do que nunca. Depois da vitória do Flamengo contra o Corinthians, com mais um gol de Ibson, o Flamengo estava no G-4, uma situação improvável no fim do primeiro turno. Era a arrancada que marcou todo flamenguista que assistiu. Flamengo bateu mais duas vezes o recorde do publico e garantiu a volta na Libertadores após uma vitória contra o Atlético-PR, para a alegria de 82.044 rubro-negros no Maracanã.

Ibson foi merecidamente eleito no time do Brasileirão e só não foi o melhor jogador porque o campeão também tinha um grande líder, Rogério Ceni, que também foi eleito craque da galera. Mas Ibson ficou na história, ficou no coração dos flamenguistas, foi ídolo para sempre. Foram gols, liderança, e um estilo particular que eu adorava, com chuteiras pretas e meias brancas. Duvido achar um flamenguista que não gostava do Ibson nessa época.

Em 2008, Ibson começou muito bem o Brasileirão, com 4 gols nos seus 5 primeiros jogos. Mas era depois de uma traumatizante eliminação na Libertadores contra o América. Ibson ainda jogou bem, brilho no campeonato carioca onde foi campeão, ainda foi líder, mas o que ele fez em 2007 não podia ser ultrapassado, nem até igualado. Flamengo brigou com Porto para ficar com o jogador, que também fechou bem o Brasileirão 2008. Num 5×2 eterno contra Palmeiras, fez um hat-trick com dois golaços, um chute no ângulo e um gol de letra. Mas Flamengo não ganhou nenhum dos três últimos jogos e fechou o ano 2008 com mais uma decepção.

O ano 2009 foi feliz para o Flamengo, mas bem diferente para Ibson, que fez apenas um gol em 32 jogos pelo Flamengo! Um gol de pé esquerdo depois de um cruzamento, contra Cabofriense, no campeonato carioca. Depois de alguns jogos no Brasileirão, suficiente para ser campeão, era a hora do adeus. No seu último jogo, contra Vitória e já com Adriano em campo, Ibson perdeu um pênalti. E mesmo assim, foi ovacionado pela torcida, não pelo jogo, não pelo ano de 2009 mas pelo tudo que fez antes. E era muito, muito merecido.

Ibson voltou na Europa, no Spartak Moscou, voltou no Brasil, no Santos, e depois vestiu de novo o Manto Sagrado, em 2012. Santos tinha Neymar, tinha a Libertadores, mas Flamengo tem alguma coisa a mais, impalpável, inexplicável e impossível de entender para quem não é Flamengo. E os que são Flamengo sabem o que é, não precisa explicar para entender. Ibson era e ele falou da saudade ao receber de novo a camisa 7 do Flamengo. Falou também que não voltava como uma “solução” e não foi mesmo, num time bem ruim. Fez apenas um gol em 2012, em 33 jogos, um belo chute de trivela de fora da área, contra Sport. Em 2013, de novo fez apenas em gol, mas agora em 3 meses, a diretoria do Flamengo liberou-o em março.

Ibson também criticou a diretoria do clube e o atraso dos pagamentos, falando que não era Casa Bahias. Isso não sei, eu não sou da diretoria do Flamengo, eu não sou dos jogadores do Flamengo, eu sou do Flamengo. E eu sei que do Flamengo, Ibson foi muito ídolo.

8 respostas para “Ídolos #7: Ibson”.

  1. Avatar de Ídolos #8: Elias – Francesguista

    […] da sétima crônica dos ídolos, com um meio-campo que brilhou nesse século, Ibson, vamos de um outro meio-campo do século XXI, camisa 8, […]

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  2. Avatar de Times históricos #15: Flamengo 2005 – Francesguista

    […] o ano com uma goleada 5×0 sobre Joe Public, com 2 gols de Dimba e 2 ídolos no time titular: Ibson e Zinho. Depois, no 20 de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade de Rio de Janeiro, […]

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  3. Avatar de Ídolos #18: Renato Abreu – Francesguista

    […] time estava muito bem servido de ídolos. Claro, o maior para mim era Obina, mas ainda tinha Zinho, Ibson e foi o ano da chegada de dois outros ídolos, Léo Moura e Renato […]

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  4. Avatar de Jogos eternos #86: Flamengo 1×0 São Paulo 2007 – Francesguista

    […] um drible de vaca e fez um leve toque de cobertura para derrubar Rogério Ceni. Um golaço de um craque, de um ídolo. Flamengo tinha em 2007 a raça e a paixão, tinha Joel Santana no banco, Léo Moura e Juan nas […]

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  5. Avatar de Jogos eternos #109: Flamengo 3×1 América 2007 – Francesguista

    […] empate 2×2 contra Corinthians. Mas chegou um técnico ídolo, Joel Santana, e um outro ídolo, Ibson, e depois de mais duas derrotas, Flamengo arrancou, arrancou, até chegar no final do campeonato a […]

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  6. Avatar de Jogos eternos #140: Flamengo 3×1 Botafogo 2008 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] vi no Flamengo, na história recente apenas a de 2019 pode competir. Também tinha no meio de campo Ibson, que eternizei como ídolo no blog, e Souza na frente, um centroavante às vezes limitado na técnica, mas nunca na raça. E meu maior […]

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  7. Avatar de Times históricos #27: Flamengo 2007 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] do coração, Flamengo ganhou o cérebro, um jogador que já eternizei no blog, Ibson. Como Fábio Luciano, chegou da Europa, de Porto. Como Joel Santana, começou no Fla em 2007 com […]

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  8. Avatar de Ídolos #34: Kléberson – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] depois, fechou a goleada contra Palmeiras no 5×2, jogo eternizado pela atuação memorável de Ibson. Infelizmente, Flamengo terminou o campeonato no quinto lugar e deixou escapar a Copa Libertadores. […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”