Flamengo estreia hoje na Copa Libertadores, num jogo em altitude, em Quito. Um jogo de estreia na altitude traz a lembrança do jogo contra Real Potosí em 2007. Comecei a acompanhar o futebol brasileiro de clubes no fim do ano de 2005, com o Mundial de clubes conquistado pelo São Paulo. Em 2006, ainda estava limitado com um site em francês e pouquíssimas notícias. Mas em 2007, descobri o site Placar, que passou a fazer parte de meu cotidiano, lendo todos os dias artigos sobre o Flamengo, já o grande amor de minha vida. Não entendia tudo, mas entendia o que era Flamengo.
Entendia também a dificuldade de jogar na altitude, essa particularidade do futebol sul-americano, mais uma diferença com o futebol europeu. O pré-jogo quase foi apenas sobre a altitude de Potosí, mais de 4.000 metros. Um inferno, diferente mas quase igual do Maracanã, nesses tempos ainda o templo do futebol, um inferno para os adversários. Também relembrava que o time do Real Potosí tinha a identidade do Real Madrid, outro clube de meu coração, um escudo quase igual, um nome Real, uma camisa quase igual. Outra particularidade do futebol sul-americano que começava a conhecer.
No 14 de fevereiro, dia dos namorados na França, o amor de minha vida estava em campo, escalado assim pelo Ney Franco: Bruno; Léo Moura, Thiago Gosling, Moisés, Ronaldo Angelim, Juan; Claiton, Renato Augusto, Renato Abreu; Paulinho, Obina. Comecei a assistir aos melhores momentos de todos os jogos no início de 2007 só, não conhecia ainda bem os jogadores, mas acho que meu coração começava a bater pela raça de Claiton, a juventude de Renato Augusto, as faltas de Renato Abreu e o carisma de Obina, já um herói da conquista da Copa do Brasil de 2006 contra Vasco, que ofereceu o ingresso para a Libertadores de 2007, minha primeira como torcedor do Flamengo. Também já entendia bom o que representava a Copa Libertadores na América do Sul. O goleiro Bruno nunca vai ter a crônica dele na categoria dos ídolos, mas gostava muito dele na época. No banco, entraram ídolos também, Juninho Paulista e Souza.
No inferno de Potosí, quem começou a brilhar foi um brasileiro, Edu Monteiro. O jogador de 35 anos na época, passou toda a careira na Bolívia, e passou entre a zaga do Flamengo para abrir o placar com apenas 13 minutos de jogo. E no final do primeiro tempo, outro estrangeiro do Real Potosí, o paraguaio Ruben Oliveira, aproveitou da apatia da defesa do Flamengo para fazer o gol do 2×0. O estádio virou inferno, era impossível de respirar e relembro de imagens dos jogadores do Flamengo respirando com balão de oxigênio. Flamengo estava derrotado e uma goleada podia até ser temida. Flamengo não conseguia respirar, mas Flamengo nunca morre.
No início do segundo tempo, Roni, que tinha entrado no intervalo no lugar de Juan, aproveitou uma falta de Renato Augusto para fazer um gol de cabeça. E numa outra batida de falta, agora pelo Juninho Paulista, que tinha entrado no lugar de Thiago Gosling, meu ídolo Obina fez outro gol de cabeça. Flamengo conseguia um verdadeiro milagre, um empate tão difícil a alcançar do que o pico mais alto da América do Sul. Estava muito orgulhoso de meu time e dos jogadores, verdadeiros guerreiros. Uma estreia maravilhosa na competição, que será seguida de 5 vitórias na fase de grupos. Daí a decepção ainda mais forte com a eliminação contra Defensor nas oitavas, mas isso é outra história.
Relembro também que a revista francesa So Foot fez um artigo sobre o jogo, falando da altitude. Gostei claro do artigo, mas agora não estava mais limitado as notícias francesas e tinha outros canais de informações para acompanhar, todos os dias, o grande amor de minha vida.








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