Em mais de 100 anos de futebol, Flamengo passou por várias fases, momentos de glória e momentos ruins. E um dos momentos mais difíceis do clube foi nos meados dos anos 2000, com vários riscos de rebaixamento, a maior vergonha possível para um gigante. O ano 2005 também foi o ano que comecei a acompanhar o futebol brasileiro de clubes, com um site francês sobre a seleção e os jogadores brasileiros jogando na Europa, mas também algumas notícias dos clubes brasileiros. E tinha a revista France Football, onde tinha a tabela de todos os campeonatos do mundo. Flamengo estava mal, muito mal, mas não sabia nada das regras do campeonato e do risco de rebaixamento.
O ano de 2005 do Flamengo começou com a Copa Fita Internacional, um campeonato internacional, mas com quase nenhuma relevância. Tinha só três times, e junto com o Flamengo, tinha Volta Redonda e Joe Public, time do Trinidad e Tobago. Flamengo começou o ano com uma goleada 5×0 sobre Joe Public, com 2 gols de Dimba e 2 ídolos no time titular: Ibson e Zinho. Depois, no 20 de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade de Rio de Janeiro, Flamengo perdeu o título com uma derrota 1×0 contra Volta Redonda. O ano mal começou e Flamengo já conhecia uma decepção.
No campeonato carioca, Flamengo estreou de uma maneira horrível no Maracanã, 45.279 torcedores viram o Flamengo sofrer uma derrota 3×0 contra Olaria. Em seguida, venceu 1×0 Madureira mas perdeu contra Cabofriense e Americano e já era o fim para o técnico Júlio César Leal, que tinha chegado no clube no início do ano. O interino e ídolo de sempre, Andrade, conseguiu um 2×2 contra Fluminense, mas não conseguiu impedir o Flamengo de terminar na última colocação de seu grupo na Taça Guanabara!
O novo técnico Cuca estreou sem brilhar com um empate 1×1 contra River na Copa do Brasil, também jogo da estreia do Flamengo na competição. Conseguiu classificar o Flamengo no jogo de volta, com apenas 1.560 espectadores no Maracanã, e classificar o time na semifinal da Taça Rio depois de terminar a fase de grupos na 2a colocação, com 6 pontos a menos do que Fluminense, Flamengo não conseguindo vencer nem o Botafogo nem o Vasco. Eliminou Volta Redonda pelo placar mínimo, mas na final da Taça Rio, levou uma goleada 4×1 contra Fluminense, o gol de Zinho no 92o minuto não salvando a honra rubro-negra. O sonho do bicampeonato carioca acabava ali.
E a trajetória de Cuca no Flamengo quase acabava ali também. Depois de 10 dias sem jogos, Flamengo perdeu contra Ceará na Copa do Brasil em casa, uma casa inusitada, o jogo acontecendo no estádio Pedro Pedrossian, o popular Morenão, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Flamengo perdeu 2×0, Cuca foi demitido, mas jogo foi importante: foi o jogo da estreia do ídolo Obina. No jogo seguinte, de novo contra Ceará na Copa do Brasil, o interino Andrade conseguiu mais um empate 1×1, mas não conseguiu a classificação. Mas jogo foi importante: foi nesse jogo, em Fortaleza, que Obina fez seu primeiro gol com o Manto Sagrado. O resto é história…
Flamengo estreou no Brasileirão com um empate 1×1 contra Cruzeiro, com gol de outro ídolo, o zagueiro Júnior Baiano, que eu já adorava durante a Copa do Mundo 1998 com a Seleção. O novo técnico, Celso Roth, estreou com uma vitória pelo placar mínimo no campo de Figueirense, mas depois foi só sofrimento, ou quase. Até a 14a rodada, Fla conseguiu ganhar do Santos e do Vasco, mas foram as duas únicas vitórias, se não conta a no amistoso contra Tupy para conquistar o Troféu da Paz. Destaque negativo para as derrotas 3×4 em casa contra Brasiliense e Juventude. E pior ainda, Flamengo estava agora sem casa. O Maracanã fez uma pausa para uma reforma antes do Pan-Americano de 2007 e deu adeus a geral. A geral nunca mais. O fim definitivo de uma Era, de um certo futebol e de uma pura alegria no Maraca.
Logicamente, Celso Roth caiu depois de mais uma derrota, contra Coritiba. E o técnico interino e ídolo de sempre Andrade foi efetivado como técnico pela primeira vez. Junto com ele como auxiliar, um outro ídolo, que fazia com Andrade uma dupla de ouro no meio de campo, Adílio. Ganhou do Botafogo com gol de um futuro ídolo, que tinha chegado no Flamengo nesse ano de 2005 depois de passar pelo todos os outros grandes clubes de Rio, Léo Moura. Outro ídolo que chegou em 2005, Renato Abreu, que fez gols importantes, nas vitórias contra Paysandu e São Caetano, nos empates contra Figueirense e Fluminense. O 2×2 no Fla-Flu também foi o início de uma nova crise no Flamengo. Entre uma vitória contra o Brasiliense de Marcelinho Carioca e Joel Santana, foram 5 derrotas, as três últimas no Rio: um 2×1 contra o Atlético Mineiro, também ameaçado pelo rebaixamento, um vergonhoso 6×1 contra o time reserva de São Paulo e um novo 2×1 contra o arquirrival Vasco no São Januário. Logicamente, foi o fim, não um adeus, de Andrade no Flamengo. Na verdade nem foi um fim, porque Andrade voltava a sua posição de auxiliar-técnico.
Antes do jogo contra Vasco, Flamengo estreou em uma nova competição, a Copa Record, organizada pela Ferj com a ajuda da Rede Record. O torneio tinha só times do estado do Rio de Janeiro, sem a participação de Fluminense e Vasco. Flamengo jogou com reservas e juniores e estreou com uma vitória 4×0 contra Bonsucesso. Mas a preocupação era o Brasileirão. Flamengo estava na zona de rebaixamento, na 20a colocação, na época tinha 22 times no Brasileirão. O rebaixamento era uma possibilidade real. Espero que o Flamengo nunca vai ser rebaixado, o que é a maior vergonha para um gigante. Alguns times ainda ampliaram a vergonha, caindo na Série C ou caindo 4 vezes na Série B. Mas o Flamengo nunca caiu, junto com apenas Santos e São Paulo. E acho que o Flamengo será o último a nunca ter sido rebaixado, que nunca vai conhecer essa vergonha.
Mas quase foi em 2005, e Flamengo foi para mais uma troca de técnico. Essa época foi foda, entre 2002 e 2006, sem contar os técnicos interinos, Flamengo conheceu 20 trocas de técnico! Mas o momento em 2005 era de urgência máxima e Flamengo precisava de um técnico capaz de criar um grupo coerente e coesivo em pouco tempo, precisava de um técnico que conhecia a casa, que já tinha vencido no Flamengo. E chamou Joel Santana, que tinha sido demitido pelo Brasiliense alguns dias antes. O Papai Joel chegava na Gávea para salvar o Flamengo da maior vergonha de sua história.
E Joel Santana quase começou com uma derrota, no campo de Juventude, que vencia 2×0 até o minuto 44 do segundo tempo. Mas Flamengo conseguiu um empate com gols de Renato Abreu e Júnior nos minutos finais do jogo. E Joel Santana não perdeu com Flamengo no Brasileirão de 2005. Foram 6 vitórias, destaques para a vitória em virada contra Botafogo com um a menos durante 60 minutos, e para o gol salvador do ídolo Obina em Paraná no minuto 47 do segundo tempo para quase assegurar a permanência na Série A. Também teve 3 empates, destaque para o 0x0 morno contra Goiás, mas que garantia Flamengo na elite do futebol brasileiro, que livrava o clube da maior vergonha possível. Destaque para o fim da temporada para Renato Abreu e Léo Moura, que fizeram gols decisivos, e acabaram a temporada com um doblete para cada um na goleada 4×1 contra Paysandu.
Dois dias antes, Flamengo ainda conseguiu vencer a Copa Record na final contra Olaria, na disputa de penalidades. Mas o Flamengo de 2005 é conhecido pelo livramento do rebaixamento, uma época que todos esperam não conhecer mais, mas que também permite de avaliar a paixão pelo Mengo. E Flamengo, eu juro que no pior momento, vou te apoiar até o final, porque sou Flamengo com muito orgulho e muito amor.








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