Francêsguista

Francês desde o nascimento, carioca desde setembro de 2022. Brasileiro no coração, flamenguista na alma. Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.

  • Jogos eternos #264: Deportivo Táchira 2×3 Flamengo 1991

    Jogos eternos #264: Deportivo Táchira 2×3 Flamengo 1991

    Flamengo estreia hoje na Copa Libertadores de 2025, contra o time venezuelano de Deportivo Táchira. Como Flamengo enfrentou apenas uma vez o Táchira, vamos para esse jogo, de 1991.

    Em 1991, Flamengo tinha uma baita geração promissora, que saiu de seu grupo da Copa Libertadores invito e na liderança. Nas oitavas de final, enfrentou o Deportivo Táchira, que por sua vez ganhou apenas um dos 6 jogos, mas os 3 primeiros de cada grupo eram classificados para as oitavas e foi suficiente para o clube venezuelano, já feliz de estar aqui. Flamengo esperava mais e no 18 de abril de 1991, o técnico Vanderlei Luxemburgo escalou Flamengo assim: Gilmar; Aílton, Adílson, Wilson Gottardo, Piá; Júnior, Charles Guerreiro, Marquinhos, Marcelinho Carioca; Alcindo, Gaúcho.

    Flamengo tinha uma garotada, liderada por um Vovô-Garoto, o Maestro Júnior. E foi dos pés do Maestro que saiu o primeiro gol do jogo, Júnior cobrou uma falta na esquerda, Gaúcho cabeceou, a bola quicou e enganou o goleiro. Aos 25 minutos, uma triangulação entre Júnior, Gaúcho e Alcindo, que cruzou na esquerda. Marcelinho foi puxado na pequena área e o juiz marcou um pênalti severo, ainda expulsou o meia Laureano Jaimes de maneira ainda mais severa. Na cobrança, Gaúcho chutou no meio, fez o segundo gol do dia, o segundo dele.

    No segundo tempo, de novo, ainda, sempre Júnior na construção do gol, cobrando um escanteio. Na finalização, de novo, ainda, sempre Gaúcho, que pulou alto e cabeceou, encobrindo o goleiro. O saudoso Gaúcho nos deixou em 2016 com apenas 52 anos de vida, e foi um dos maiores e mais completos centroavantes da história do Flamengo, um excelente cabeceador, capaz de jogar brilhantemente com os pés também.

    Logo depois, o juiz expulsou Charles Guerreiro, também de forma severa, e o Deportivo Táchira conseguiu reagir no final do jogo com dois belos gols, sem escapar da derrota, muito menos da eliminação, o Flamengo venceu uma semana depois 5×0 no Maracanã, com mais uma grande atuação de um grande time.

  • Times históricos #33: Flamengo 1943

    Times históricos #33: Flamengo 1943

    Flamengo conquistou o bicampeonato carioca 2025 e já caminha para o Tri, quem sabe mais. O início do campeonato foi difícil com apenas 1 ponto em 3 jogos, mas a partir do momento em que o time principal foi escalado, Flamengo foi um Rolo compressor: 9 vitórias, 2 empates, nenhuma derrota, 22 gols pro, apenas 2 gols contra. Vamos então para um outro Rolo compressor, um outro time bicampeão carioca, o Flamengo de 1943.

    O Flamengo de 1943 começou sua temporada em São Paulo, já com uma goleada, 7×4 contra a Portuguesa. Como campeão carioca, disputou contra Palmeiras o Torneio de campeões SP-RJ, ainda no Pacaembu, e levou um duro 0x3, colocando um fim a uma série de 23 jogos invictos. De volta no Rio de Janeiro, Flamengo disputou uma nova competição da federação carioca, o Torneio Relâmpago, um torneio de uma semana entre as 5 principais forças do futebol de Rio de Janeiro. E Flamengo já ganhou um título em 1943, goleando Botafogo com hat-trick de Vicente e confirmando o título com sucesso contra o America, gols de Vevé e Nilo. Mesmo a goleada 1×5 tomada no Fla-Flu não impediu Flamengo de trazer a taça na Gávea. No Torneio Início, competição de um dia e jogos de 10 minutos, Flamengo estreou com empate contra Vasco e foi eliminado pelo critério de escanteios. Foi o último jogo de um ídolo do Flamengo, o argentino Valido, que com apenas 29 anos, pendurou as chuteiras para cuidar de sua empresa de gráfica.

    Em seguida, veio a segunda edição do Torneio municipal, a primeira foi em 1938. Com os mesmos 10 times do campeonato carioca, Flamengo estreou com vitória 3×1 sobre Madureira, gols de Pirillo, Vevé, Nilo, mas, sem alguns titulares, perdeu 3 jogos consecutivos e a taça ficou nas mãos do São Cristóvão. No último jogo, Flamengo venceu Bangu 5×1, com 4 gols do argentino Alarcon, que ficou pouco tempo no clube carioca, fazendo apenas 10 jogos e 5 gols. O mais importante para Flamengo era o campeonato carioca, chegava a hora de buscar o bicampeonato. Fla estreou de novo contra Madureira, de novo com vitória. Em seguida, venceu 4×1 tanto o Botafogo que o Canto do Rio, e na quarta rodada, saiu derrotado contra o America. O jogo marcou a despedida de um outro ídolo argentino do Flamengo, Carlos Volante, que deu seu nome a sua posição em campo até hoje no Brasil.

    Se em 1942 e 1944, o campeonato rubro-negro ficou ameaçado, até ilusório, perdido, em 1943 Flamengo foi um Rolo compressor. No jogo seguinte a derrota contra America, Flamengo venceu o Fla-Flu com um gol de Perácio, que voltava da Europa, participando da Segunda guerra mundial na Força Expedicionária Brasileira. A atuação de Perácio no setor ofensivo obrigou os adversários a recuar mais um jogador, dando assim início ao sistema 4-2-4 no Brasil. Porém, a alma do time era o outro artilheiro do Fla-Flu, o inesquecível Zizinho. No seu livro Anos 40, viagem à década sem copa, Roberto Sander escreve: “Perto de completar 21 anos, Zizinho já era o grande destaque desse time. O mestre Ziza, como seria chamado nos anos seguintes, foi talvez o melhor jogador do futebol brasileiro na década de 1940. Compará-lo ao Pelé pode até ser exagero, mas a referência, por si só, mostra a importância do craque que, futuramente, seria o ídolo do próprio Rei”.

    Flamengo continuou a vencer, Botafogo, que já tinha tomado um 4×1 na ida, tomou um 4×2 na volta com 3 gols de Vevé. Bonsucesso foi outro time duplamente goleado, duas vezes 5×1. E se o Fla-Flu da ida marcou a volta de Perácio, o Fla-Flu da volta marcou a estreia de um futuro ídolo, outro gringo que substituiu Volante, agora um paraguaio, Modesto Bria, buscado pelo compositor rubro-negro roxo e feroz, Ary Barroso. Contam Arturo Vaz, Paschoal Ambrósio Filho e Celso Júnior no livro 100 anos de bola, raça e paixão: “Contra a vontade dos dirigentes do Cerro Porteño, o jovem centromédio paraguaio Modesto Bria, de 21 anos, havia sido indicado ao técnico Flávio Costa pelo influente repórter Geraldo Romualdo da Silva. Ary Barroso, encantado com os relatos do jornalista sobre o craque, esqueceu seu pânico de voar e foi até Assunção, de avião, para buscá-lo. O amor que o compositor tinha pelo Flamengo o fazia superar seus medos. Sem consultar os dirigentes do Cerro Porteño, literalmente, raptou o jovem atleta. Bria chegou ao Brasil e imediatamente conquistou a posição de titular, formando a linha média ao lado de Biguá e Jaime. Tinha uma boa técnica, corria o jogo todo, marcava e apoiava com a mesma facilidade e encarnou a raça rubro-negra. Seu jogo era incansável e contagiava tanto que logo virou ídolo da torcida. Até hoje, é o estrangeiro que mais vestiu o Manto Sagrado, defendendo o Flamengo em 368 partidas”. Roberto Sander escreve a mesma coisa, com outras palavras: “Bria chegou ao Brasil quando faltavam cinco rodadas para o fim do campeonato. Chegou e conquistou imediatamente a condição de titular. Encarnou como poucos o espírito rubro-negro. Além da boa técnica, era um jogador raçudo. Sua garra contagiava. Tinha um senhor pulmão. Com a rapidez de um raio virou ídolo da torcida. Ao lado de Biguá e Jaime de Almeida, ele formou uma linha média que aliava habilidade e disposição. Marcava e apoiava com a mesma facilidade”.

    Bria formou a “inesquecível linha” ao lado de Biguá e Jaime de Almeida, também chamada de “bife, arroz e feijão” pela importância e consistência. Agora a palavra para Edilberto Coutinho no seu livro Nação Rubro Negra: “Biguá, Bria e Jaime. Um índio, um branco e um preto. Uma só raça. Rubro-Negra. Um trio imortal da história do Flamengo e do futebol brasileiro. O torcedor do Mengo não faz por menos: essa formação de três é a mais memorável que a história registra desde a Roma de antes de Cristo, com o triunvirato de Crasso, César e Pompeu”. Flamengo empatou contra São Cristóvão num jogo em que uma parte da tribuna do estádio da rua Figueira de Melo caiu, fazendo mais de 200 feridos. O jogo foi paralisado e remarcado 3 dias depois, no São Januário, o São Cristóvão chegando ao empate.

    Na reta final do campeonato, ainda lutando pela taça, Flamengo enfrentou Vasco, outro candidato ao título ao lado de Fluminense. Era o Expresso da Vitória em ascensão, com Ademir, Chico, Isaías e Lelê, Vasco vinha de cinco vitórias consecutivas com 24 gols marcados! O campo era o General Severiano, casa do Botafogo, mas quem mandava era o Flamengo. Pirillo levava o perigo na defesa vascaína e quando Vasco atacava, Domingos sobrava com suas domingadas. No final do primeiro tempo, quase atrasado de tanta dominação, Flamengo finalmente abriu o placar graças a um gol de Vevé. O segundo tempo foi avassalador, com 2 gols de Perácio nos 3 primeiros minutos. A torcida vascaína deixava o estádio e não viu Pirillo também fazer 2 gols em 2 minutos. Vasco finalmente fez um gol com Chico, mas logo depois, Zizinho fez o sexto do Mengo. No finalzinho do jogo, Lelé fez outro gol vascaíno. “Os ataques do Vasco no fim do match não representaram uma reação. O Flamengo se deixou atacar, desinteressando-se, por assim dizer, da partida” escreveu Mário Filho no Jornal dos Sports. Durante 81 anos, o 6×2 foi a maior goleada do Flamengo no Clássico dos Milhões.

    Na última rodada, Flamengo precisava apenas de um empate contra Bangu para ser campeão e fez mais, muito mais. Foi uma festa completa, do início até o fim, da abertura do placar aos 2 minutos do primeiro tempo com Perácio até o último gol aos 44 minutos do segundo tempo com Pirillo. Flamengo ganhou 5×0 com 3 gols de Perácio e 2 gols de Pirillo, os dois artilheiros do Flamengo no campeonato. Porém, de novo, o maior jogador era Zizinho, como julga o zagueiro Newton Canegal: “Zizinho foi a alma da equipe, a grande estrela, o jogador em tempo de explosão. Para se ter uma ideia de sua forma, de seu talento, é bastante citar que ele despontou assim num conjunto de astros notáveis, pois ali estavam Domingos, Jaime, Perácio, Pirillo”.

    A festa na Gávea era completa e se espelhava pela cidade inteira, como escreveu Mário Filho: “A banda de música atacou o hino do Flamengo, das arquibancadas de cimento, desciam aspirais de serpentina. O vento ajudava a espalhar confete por todos os cantos. A Gávea perdera a fisionomia de um campo de football, virara salão de festa. Carnaval em pleno mês de outubro. Na porta do Flamengo parei para ver a multidão ainda em delírio. Algumas pretas baianas, das boas, sambavam desafiando os pára-choques dos autos-lotação, fazendo tudo quanto era automóvel parar. E aquilo ia continuar pela noite à fora. Três bondes formariam o trem da alegria, que iria passar pela Praia do Flamengo, iluminada a gás neon: Flamengo bicampeão”.

    Flamengo fechou o ano de 1943 como tinha começado, uma derrota 0x3 no Pacaembu no Torneio de campeões SP-RJ, agora contra o São Paulo de um certo Leônidas. Porém, o time de 1943 talvez foi o melhor do primeiro campeonato do Flamengo, como julga Modesto Bria: “Talvez um time até maior que o de 1944. Porque no de 1943 ainda se chegou a escalar o Flamengo com Domingos da Guia”. Eta um time inesquecível, Domingos na defesa, a linha Biguá, Bria e Jaime no meio, Perácio e Pirillo no ataque, e claro Zizinho para fazer a junção entre a defesa e o ataque, para fazer vencer o Flamengo, brilhar o Manto Sagrado. O Flamengo era o bicampeão, até o bicampeão de terra e mar, já que conquistou de novo o campeonato carioca de remo. No remo, não sabia ainda, ia passar um jejum de 20 anos para reconquistar o campeonato em 1963, mais uma vez campeão de terra e mar. Porque no futebol, já sabia, o Flamengo é o maior campeão, o Flamengo é imortal.

  • Jogos eternos #263: Flamengo 2×1 Internacional 2021

    Jogos eternos #263: Flamengo 2×1 Internacional 2021

    Começa hoje uma nova edição do Brasileirão, que Flamengo não conquista desde 2020, ou mais precisamente, desde o início de 2021. Pela força dos elencos recentes e do tamanho histórico do Flamengo, considero esse período já um jejum. Porém, o primeiro adversário do Flamengo no campeonato, o Internacional, conhece um jejum muito mais longo, não vencendo o Brasileirão desde 1979.

    Muitas vezes, o Internacional passou perto, com 6 vice-campeonatos desde 1988. No Brasileirão de 2020, o Internacional ganhou 9 jogos consecutivos, um recorde, e abriu 4 pontos de vantagem sobre Flamengo após a 33a rodada. Flamengo oscilava mas aproveitou de um empate e uma derrota do Internacional para inflamar o final do Brasileirão. Antes da penúltima rodada, o Internacional tinha um ponto a mais do que o Flamengo e jogava justamente contra o Mengo no Maracanã, precisando então de uma vitória para ser oficialmente campeão. O jogo era quase uma final do Brasileirão.

    No 21 de fevereiro de 2021, o técnico Rogério Ceni escalou Flamengo assim: Hugo Souza; Isla, Gustavo Henrique, Rodrigo Caio, Filipe Luís: Gerson, Diego, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol. Do lado do Internacional, a agitação do pré-jogo foi a presença de Rodinei, emprestado pelo Flamengo ao time colorado. O Rodinei estava em grande forma e um torcedor do Internacional, um empresário conhecido como o “Rei da soja”, ofereceu um milhão de reais para o colorado pagar a multa ao Flamengo e escalar Rodinei.

    No Maracanã, vazio por causa da pandemia, Bruno Henrique fez o primeiro chute do jogo, mas Marcelo Lombo, um ninho do Urubu agora veterano, fez a defesa. Logo depois, Gustavo Henrique segurou Yuri Alberto na pequena área e o juiz Raphael Claus apitou o pênalti. Edenílson chutou e abriu o placar, o Internacional era o virtual campeão.

    Aos 29 minutos do jogo, o Flamengo lutava para impor seu jogo num time colorado fechado na defesa. Praxedes fez um cabeceio fraco e Filipe Luís chegou bem. Com a classe habitual, nosso agora técnico abriu na esquerda para Bruno Henrique, que chegou antes de Rodinei e o driblou, cruzou no chão atrás para Arrascaeta, que com tranquilidade e precisão, colocou a bola na rede. No placar, tinha empate, porém, na tabela, o Inter ainda estava na frente. Flamengo precisava fazer mais, precisava virar.

    No final do primeiro tempo, Rodinei chutou forte e quase fez um gol pelo Inter, a bola finalmente morrendo na trave de Hugo Souza. E o personagem do pré-jogo virou o personagem do jogo. No início do segundo tempo, no campo colorado, Rodinei errou no drible e acertou no tornozelo de Filipe Luís. Um lance sem maldade, porém uma falta clara, e depois de consulta ao VAR, o juiz expulsou Rodinei. Flamengo tinha um jogador a mais, precisava fazer um gol a mais.

    E com hora de jogo, chegou o predestinado, o anjo Gabigol. Bruno Henrique ultrapassou a linha mediana e abriu na esquerda para Arrascaeta, que driblou um e fez um passe lindo entre dois outros adversários. Com um toque só, com um pouco de chance, com muita fé, Gabigol chutou cruzado, brocou e virou, um lance que lembrava o gol de Bebeto em 1987, outro vice do Internacional contra Flamengo. Gabigol confirmava mais uma vez que era o homem das decisões, dos momentos decisivos.

    Como foi o caso em 2009, mais um vice do Inter, o Flamengo assumia a liderança pela primeira vez do campeonato depois da penúltima rodada, depois de contar em um momento menos de 5% de chance de ser campeão. E na rodada final, com a ajuda do Corinthians, a ajuda do destino, por alguns centímetros, o Flamengo foi campeão, bicampeão pela primeira vez desde 37 anos. O Internacional, depois de “41 anos”, precisava esperar mais, ainda espera. Eu que não quer mais esperar, quero voltar a ser campeão brasileiro.

  • Jogos eternos #262: River Plate 0x3 Flamengo 1982

    Jogos eternos #262: River Plate 0x3 Flamengo 1982

    A Seleção brasileira joga hoje no Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Vamos então para a crônica do dia para a última vitória do Flamengo no estádio, em 1982, já que o Mengo não venceu os últimos 5 jogos no Monumental.

    Como campeão da Copa Libertadores 1981, Flamengo estreou na competição em 1982 já na semifinal, porém com um grupo dificilíssimo, com River Plate e Peñarol. Na estreia, Flamengo perdeu contra Peñarol em Montevidéu, e já se complicou a vida, sendo que apenas o primeiro se classificava na final. A vitória em Buenos Aires contra River Plate era obrigação. No 22 de outubro de 1982, o técnico Paulo César Carpegiani escalou Flamengo assim: Cantarele; Leandro, Mozer, Marinho, Júnior; Andrade, Adílio, Zico; Wilsinho, Lico, Nunes.

    E com apenas 11 minutos de jogo, Flamengo já fez magia, com um golaço, todos os jogadores brilhando individualmente ao serviço do coletivo. Na linha média, Zico abriu de longe, de três dedos. Nunes fez o corta-luz para abrir o caminho na direita para Wilsinho, que acelerou, driblou um e cruzou no chão. Lico chegou na primeira trave, colocou o pé, abriu o placar.

    Como todo jogo, ou quase, entre brasileiros e argentinos, jogo era pesado, com várias faltas. No início do segundo tempo, o artilheiro virou garçom, mesmo que agora a jogada é 90% do artilheiro, claro Zico. Lico fez o passe para Zico, aos 40 metros do gol. Com a inteligência e habilidade do craque, Zico fez o toque leve para deixar a bola entre as pernas do zagueiro, viu o posicionamento duvidoso do goleiro e chutou de fora da área, para o segundo gol do dia.

    No final do jogo, mais um belo gol, coletivamente e individualmente. No lado esquerdo, Marinho invadiu a grande área e deixou de três dedos do outro lado para Nunes, que dominou de peito, quase na barriga, já na direção do gol. O goleiro argentino saiu atrasado, Nunes teve tempo de chutar e fechar o caixão argentino. Flamengo goleava na Argentina, seguia vivo na Libertadores, o Monumental era rubro-negro.

  • Jogos eternos #261: Flamengo 3×0 Millonarios 2024

    Jogos eternos #261: Flamengo 3×0 Millonarios 2024

    A Seleção brasileira joga hoje contra a Colômbia no Mané Garrincha, ainda sem Neymar, maior artilheiro da Seleção. Nós flamenguistas, também estamos sem nosso artilheiro Pedro, que se aproxima de uma volta aos gramados. Para hoje, vamos então de um jogo com show de Pedro, contra um time colombiano.

    Na Copa Libertadores de 2024, Flamengo começou com uma vitória, um empate, uma derrota. Depois de mais uma vitória e uma derrota, Flamengo precisava de uma vitória no último jogo da fase de grupos para se classificar. De seu lado, a lanterna Millonarios não podia esperar nada, nem uma classificação na Copa Sudamericana. No 28 de maio de 2024, o técnico Tite escalou Flamengo assim: Rossi; Varela, David Luiz, Léo Ortiz, Ayrton Lucas; Allan, De la Cruz, Gerson, Arrascaeta; Everton Cebolinha, Pedro.

    E Flamengo nem precisou de 10 minutos de jogo para abrir o placar, com a ajuda do adversário. O time colombiano recuou até o goleiro, que ficou indeciso. Pedro aproveitou, esticou a perna para roubar a bola e chutar no gol vazio. Na metade do primeiro tempo, mais um gol do Flamengo, mais uma vez com a ajuda do Millonarios. Gerson cruzou, Vargas desviou de cabeça, diretamente na rede.

    No final do primeiro tempo, Ayrton Lucas saiu machucado e Viña entrou no seu lugar. O uruguaio precisou de apenas 3 minutos para fazer a diferença, com um passe sensacional em direção ao gol para Pedro. O artilheiro dominou de pé esquerdo, chutou de pé direito. Um gol de centroavante, do início até o fim. Pedro chegava ao 20o gol da temporada e no segundo tempo quase fez o 21, quase fez o hat-trick, com uma bicicleta, que faltou um pouco de força. A maneira de Pedro de se posicionar para fazer o gol, mesmo de costas para o gol, é de estudar para cada menino que sonha ser um centroavante.

    Faz mais de 5 anos que Pedro faz maravilhas com o Manto Sagrado, e ainda vai fazer. No entanto, com 2 gols de Pedro, Flamengo vencia Millonarios 3×0 e chegava à sua 100a vitória da história da Copa Libertadores.

  • Jogos eternos #260: Flamengo 1×0 Fluminense 2020

    Jogos eternos #260: Flamengo 1×0 Fluminense 2020

    A decisão do campeonato carioca de 2025 entre Flamengo e Fluminense é o quinto capítulo das finais do campeonato desde 2020. Deu Flamengo em 2020 e 2021, deu Fluminense em 2022 e 2023. Empate. No retrospecto geral, com os dois times chegando na decisão como possibilidade de conquistar o título, Fluminense lidera com 7 troféus contra 6 para o Flamengo. Hoje, com a vitória 2×1 na ida, Flamengo precisa de um empate para ser campeão e igualar Fluminense no retrospecto entre os dois times, segundo a imprensa e a própria federação carioca, não importa a reclamação dos tricolores.

    Em 2020, primeiro dos 5 capítulos, Flamengo também venceu 2×1 na ida, também podia igualar Fluminense nas decisões, na época para um 5×5, também podia buscar o bicampeonato. Era a época difícil do Covid, o campeonato foi paralisado em março e voltou 3 meses depois, com portões fechados. Campeão da Taça Guanabara, Flamengo perdeu a decisão da Taça Rio nos pênaltis, contra o próprio Fluminense. No jogo de ida da final, Flamengo venceu 2×1, com gols de Pedro e Michael, dois reservas habituais. A titularidade de Pedro para o jogo de volta era definida, já que Gabigol foi expulso no final do jogo. Assim, no 15 de julho de 2020, o técnico Jorge Jesus escalou Flamengo assim: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Léo Pereira, Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Pedro.

    A primeira flecha do jogo foi do Mengo, Arrascaeta fez o passe na profundidade, Bruno Henrique driblou o goleiro, mas não teve tempo de chutar. Na sequência, Pedro, ainda de camisa 21, chutou para fora. Fluminense reagiu com dois chutes, mais depois, foi só Flamengo ou quase. Willian Arão chutou de longe, Léo Pereira chutou fraco, Pedro chutou sem espaço, Arrascaeta chutou para fora. Flamengo dominava, dominava, mas não fazia o gol. No final do primeiro tempo, Pedro quase fez o golaço. Num passe na profundidade de Éverton Ribeiro, Pedro fez um domínio absurdo e chutou cruzado, mas bola flirtou apenas com a trave. Seria um dos gols mais bonitos das finais do campeonato carioca, pela beleza plástica do domínio, pelo instinto do artilheiro.

    Porém, no intervalo ainda era 0x0 e apesar de uma bela cobrança de falta de Gerson, o segundo tempo ficou mais morno. Flamengo tinha a vantagem, mas não conseguia assegurar o placar, a taça. Esse roteiro matou muitos times. O Flamengo não. Não posso me reprimir de citar mais uma vez o grande escritor tricolor Nelson Rodrigues: “Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”. Mesmo com um Maracanã vazio, vestido apenas de bandeiras nas arquibancadas, o peso do Manto Sagrado valia mais.

    No tempo adicional, Michael inflamou o jogo com dribles e conseguiu um escanteio. O franzino camisa 19 tinha fogo nas pernas, até subiu nas costas de Hudson num lance insólito. Michael ainda tentou uma bicicleta, sem conseguir pegar perfeitamente a bola. E no final do final, chegou a hora do Manto Sagrado, chegou a hora do título. Egídio saiu mal a bola, Vitinho, que entrou em campo pouco antes, recuperou e chutou. Com a ajuda de São Judas Tadeu, a bola foi desviada pelo Nino e enganou o goleiro Muriel, irmão de Alisson. Era o gol da vitória, do Fla-Flu, da Taça.

    Vitinho fazia mais uma vez o gol do título, depois de já decidir o campeonato carioca um ano antes, contra Vasco. Vitinho não rendeu tudo o que podia render, mas foi decisivo na hora certa, tem seu lugar na história. Porém, o herói do bicampeonato não era Vitinho, ou Michael, que provocou uma confusão no final com pedaladas e dancinha, nem era Pedro ou Gabigol, mas era o Manto Sagrado, capaz de alegrar famílias inteiras, aquecer qualquer alma rubro-negra e esquecer um pouco os momentos difíceis do Covid.

    Porém, a final também foi o final da Era Jesus. Dois dias depois do título, Jorge Jesus confirmou sua saída do clube, o que não era surpresa, com a pandemia que ameaçava tudo. Um final doce e azedo de uma Era que foi para mim apenas superada pelo Flamengo de 1978-1983. Foram 412 dias com o português no comando, 57 jogos, 129 gols marcados, 43 vitórias, 10 empates, 4 derrotas e 5 títulos. Isso mesmo, Jorge Jesus conquistou o Brasileirão, a Libertadores, a Recopa, a Supercopa e finalmente o campeonato carioca, conquistou mais títulos que perdeu jogos, e alegrou a Nação com um futebol ofensivo, moderno e exigente. Por tudo isso, muito obrigado Mister.

  • Ídolos #42: Pirillo

    Ídolos #42: Pirillo

    Mais um campeonato carioca se acaba e o recorde de gols em uma edição segue vivo. Pelo formato da competição, é até insuperável, como os 58 gols de Pelé no campeonato paulista de 1958. O recorde carioca é de 39 gols em 1941, pertence ao Pirillo, campeão com Flamengo em 1942, bicampeão em 1943, tricampeão em 1944, autor de mais de 200 gols com o Flamengo até 1947. Até hoje, Pirillo é o quarto maior artilheiro da história do clube. Porém, tem com ele uma certa injustiça, apesar de todos os gols e títulos, não tem o reconhecimento que merece, uma coisa que já acontecia quando jogava.

    Sylvio Pirillo nasceu no 26 de julho de 1916 em Porto Alegre, talvez já uma coisa que o distancia da Nação rubro-negra. Começou no Americano de Porto Alegre e assinou no Internacional em 1936, substituindo Mancuso, um dos maiores ídolos do futebol gaúcho. No Inter, formou a dupla “Corda e Caçamba” ao lado do futuro técnico Osvaldo Brandão. Numa época de conflito entre amadorismo e profissionalismo, o Internacional e o Grêmio não participaram do campeonato gaúcho, assim Pirillo nunca conquistou o campeonato. Portanto, marcou a história do GreNal com 10 gols em 11 jogos no clássico, e jogou depois no Uruguai, no Peñarol.

    Em 1941, o maior ídolo do Flamengo, Leônidas, estava em decadência. Lesão no joelho, conflito com o técnico Flávio Costa, com o presidente Gustavo de Carvalho, Leônidas até foi numa prisão militar durante 7 meses. Flamengo contratou o gaúcho Pirillo, que tinha a dura, quase impossível, missão de substituir o ídolo do povo. No livro Nação rubro-negra de Edilberto Coutinho, Pirillo lembra: “Dizia-se que nem Jesus Cristo, se voltasse à terra, podia substituir Leônidas da Silva. Mas acabei conseguindo que a torcida do Flamengo me aceitasse”. Já no seu primeiro jogo com o Manto Sagrado, na estreia do campeonato carioca de 1941, Flamengo venceu 5×2 Madureira na Gávea e Pirillo fez 3 gols.

    Porém, o famoso compositor e radialista Ary Barroso não se conformava com a saída de Leônidas e criticava Pirillo. “Sem Leõnidas, não podia ser” não se cansava de lembrar Ary Barroso. E Pirillo não se cansava de fazer gols: 1 contra Fluminense, 2 contra Vasco e São Cristóvão, 3 contra Bangu para fechar o primeiro turno. Entre o segundo e o terceiro turno, Pirillo só não fez gol em 2 dos 14 jogos! Fez gol contra todo mundo e de todo jeito. No seu livro Anos 40: viagem à década sem copa, Roberto Sander completa: “Durante todo o campeonato de 1941, ele foi marcando um gol atrás do outro. A sua personalidade cordata e conciliadora também o ajudava a, no mínimo, não aguçar a revolta do torcedor. Pirillo era um cavalheiro e jamais se abalava com as crítica”. Na última fase do campeonato, Pirillo fez um gol contra Botafogo, contra Vasco, 2 contra Bangu e chegou o Fla-Flu decisivo. Pirillo fez sua parte com mais 2 gols, mas no famoso Fla-Flu da Lagoa eternizado pelo Mário Filho, Fluminense conseguiu o empate e conquistou o titulo.

    Pirillo foi insuperável no campeonato carioca, com 39 gols em 28 jogos. Os 39 gols são um recorde até hoje, quem diria para sempre. Porém, talvez porque não ficou com o título no final, talvez por causa do jeito calmo e discreto, bem ao contrário do exuberante e irreverente Leônidas, Pirillo não conquistou completamente a Nação, que não esquecia o ídolo Leônidas, mesmo com sua saída definitiva do clube. No início de 1942, Pirillo foi merecidamente convocado na Seleção para o campeonato sul-americano no Uruguai. No Centenario onde brilhou durante dois anos com a camisa de Peñarol, sua estreia foi bis repetita daquela com o Flamengo: vitória contra o Chile e 3 gols de Pirillo. No campeonato, Pirillo até fez outro hat-trick, contra o Equador, mas o título ficou na mão dos uruguaios e Pirillo perdeu a artilharia por um gol de diferença com a dupla argentina Masantonio – Moreno. E Pirillo nunca mais convocado com a Seleção. Mesmo com tantos craques na época, até na Seleção, Pirillo foi injustiçado.

    No campeonato carioca de 1942, Pirillo faltou alguns jogos no início e Flamengo começou de forma modesta, com 5 vitórias, 3 empates e 2 derrotas. Na sua volta, Pirillo fez um gol no 2×2 contra Botafogo. Depois, Flamengo só venceu, 15 vitórias consecutivas, muitas vezes com gol de Pirillo. Contra Vasco, Botafogo, Bonsucesso, Bangu, Pirillo deixava um gol, ou mais. Contra o America, num improvável 8×5 na Gávea, Pirillo fez 5 gols! Só Fluminense escapou da lista das vítimas de Pirillo, que passou em branco no primeiro Fla-Flu e não jogou o segundo. Chegou o último jogo do campeonato, outro Fla-Flu, só que agora era Flamengo que precisava do empate para ser campeão. Nas Laranjeiras, Pirillo abriu o placar, Fluminense chegou ao empate e só, Flamengo era o campeão. O botafoguense Heleno foi artilheiro do campeonato, mas Pirillo, com 23 gols em 24 jogos, foi artilheiro do Flamengo. Em seguida, Flamengo concluiu a temporada de 1942 com uma excursão em São Paulo, 3 jogos no Pacaembu, 4 gols de Pirillo, Flamengo invicto.

    No campeonato carioca de 1943, foi bi repetita. Pirillo perdeu a estreia do campeonato, mas logo depois fez gols, 1 contra Botafogo, 2 contra Canto do Rio, 3 contra Bonsucesso. No histórico 6×2 contra Vasco, maior goleada do Flamengo sobre Vasco até 2024, Pirillo fez 2 gols. No jogo do título, outra goleada, 5×0 contra Bangu, Pirillo de novo fez 2 gols. Acabou o campeonato com 12 gols em 16 jogos, porém os maiores ídolos da Nação eram Domingos, Biguá, Zizinho. Até seu companheiro de ataque, Perácio, artilheiro do Flamengo no campeonato com 14 gols, era mais ídolo, mesmo que Pirillo foi o artilheiro da temporada, com 27 gols.

    No campeonato carioca de 1944, saíram Domingos, no Corinthians, Perácio, na guerra, Valido, na aposentadoria. Para Pirillo, foi tri repetita. Faltou alguns jogos, mas continuou a fazer seus gols, destaque para um hat-trick na vitória 4×1 sobre Bangu. Na penúltima rodada, fez 2 gols na goleada 6×1 sobre Fluminense. Porém, chegou para o jogo decisivo bem debilitado. Explica o próprio Pirillo no livro Nação rubro-negra de Edilberto Coutinho: “Eu tinha aquele problema da orquite. Foi ministrada uma injeção, para diminuir as dores, e consegui jogar o tempo todo, embora com alguma dificuldade para correr, me movimentar mais. O Valido estava com febre alta”. Mas Valido, voltando da aposentadoria, foi o grande nome de um jogo inesquecível, um jogo eternizado no Francêsguista e na história do Flamengo, vitória sobre Vasco, gol de Valido. Pela primeira vez, Flamengo era tricampeão.

    De novo Pirillo foi artilheiro do Flamengo no campeonato, com 14 gols em 16 jogos. No tricampeonato, fez 49 gols em 56 jogos, artilheiro máximo do Flamengo. Com sua modéstia de costume, Pirillo homenageou outro jogador: “É fácil ser artilheiro se ao nosso lado está um Zizinho”. Flamengo não conseguiu o tetra em 1945, mas Pirillo ainda fez seus golzinhos, 9 gols em 13 jogos, na verdade em 5 jogos já que fez 4 dobletes no campeonato. Pirillo deixou a artilheira rubro-negra do campeonato carioca para Adílson, mas foi o artilheiro do torneio municipal e mais uma vez o artilheiro do ano do Flamengo com 32 gols. Sobretudo, Pirillo foi o grande herói do Fla-Flu do torneio municipal, até hoje a maior goleada do Fla-Flu. No São Januário, Flamengo venceu 7×0 com 4 gols de Pirillo, um dos únicos 3 jogadores com Zico e Simões a fazer 4 gols num Fla-Flu. Com 18 gols, Pirillo é o segundo maior artilheiro do Fla-Flu, ultrapassado apenas pelo insuperável Zico.

    No início de 1946, Pirillo chegou a se tornar o maior artilheiro da história do Flamengo. Não tinha as estatísticas de hoje, e foi num amistoso contra Sport na Ilha do Retiro que ultrapassou Jarbas, sem ninguém saber. No campeonato carioca, Pirillo brocou como de costume, com 18 gols em 19 jogos. Destaque para o hat-trick contra Canto do Rio e o poker-trick na goleada 10×0 sobre Bonsucesso, teve também dobletes contra o America, Fluminense e Bangu. Porém decepcionou no quadrangular final com apenas um gol, no último jogo contra Botafogo, quando Flamengo já não brigava mais pelo título. Seus 25 gols na temporada foram ultrapassados pelo artilheiro rubro-negro do ano, Perácio, com 34 gols. Em 1947, Pirillo voltou a ser artilheiro do ano, com 36 gols, inclusive 12 em 17 jogos no campeonato carioca. Porém, Flamengo ficou apenas no 5o lugar e Pirillo, com 31 anos e histórico de lesões no joelho, foi considerado velho e decadente. Fez seu último jogo com o Manto Sagrado no 28 de dezembro de 1947, no General Severiano. Claro, sendo o artilheiro que era, Pirillo não passou em branco, fez 2 gols na vitória 4×0 sobre Bangu.

    Pirillo não parou muito longe e foi contratado pelo Botafogo do novo presidente Carlito Rocha, que buscava um substituto para o ídolo das massas botafoguenses, Heleno de Freitas. “Meu destino tem sido de substituir grandes ídolos. Leônidas foi o primeiro, agora Heleno” lembrou Pirillo. E a história se repetiu para Pirillo. Faltou o primeiro jogo do campeonato carioca de 1948, uma derrota dura 0x4 contra São Cristóvão, mas logo na sua estreia, fez um gol contra Canto do Rio. E Botafogo não perdeu mais. Pirillo conquistou a admiração de seu companheiro, o grande Nílton Santos, a Enciclopédia do futebol: “Tinha muita habilidade, infernizava os zagueiros com deslocamentos constantes, e era, sobretudo, um homem de rara valentia. Para decidir na técnica, sabíamos que poderíamos contar com ele; na catimba, também, e na hora da briga, nem se fala”. Pirillo fez 13 gols e seu senso coletivo, além de sua capacidade a jogar sem bola, uma inovação segundo Nílton Santos, ajudaram seu companheiro Octávio a se consagrar artilheiro do campeonato. Mais importante ainda, depois de 13 anos sem conquistar o título, Botafogo foi campeão carioca.

    Pirillo jogou no Botafogo até 1952, quando pendurou as chuteiras. Começou uma carreira de técnico, começou bem, vencendo o torneio Rio-São Paulo 1957 com Fluminense, o que lhe abriu as portas para comandar a Seleção brasileira. Foi ele que convocou pela primeira vez o Rei Pelé, que estreou na Seleção com 16 anos, fazendo gol contra a Argentina. A chegada de João Havelange na CBD foi o fim da linha como técnico da Seleção de Pirillo, substituído pelo Osvaldo Brandão, com quem formava a dupla “Corda e Caçamba” no Internacional. Pirillo ainda foi campeão paulista 1963 com Palmeiras, contra quem não pude nada em 1974, quando treinava o Corinthians. “Não tenho nada contra o Sylvio Pirillo, mas tenho certeza de que, se o Brandão fosse o nosso treinador, o Corinthians teria sido campeão” julgou severamente Rivelino, bode expiatório da derrota do Corinthians.

    Como jogador, Pirillo conquistou quatro vezes o campeonato carioca, o inesquecível tricampeonato rubro-negro 1942-1943-1944 e o campeonato de 1948, também importantíssimo na história do Botafogo. Por ironia, foi apenas uma vez artilheiro do campeonato, mas com um recorde insuperável, 39 gols em 1941. No Flamengo, foram 208 gols em 237 jogos, é o quarto maior artilheiro da história do clube, atrás apenas de Zico, Dida e Henrique Frade. Por 14 vezes, fez 3 gols em um jogo, por 5 vezes fez 4 gols. Sua média de 0,88 gol por jogo é a segunda melhor dos 10 maiores artilheiros do clube, ultrapassada apenas por Leônidas, aquele que Pirillo não conseguiu substituir plenamente nos corações rubro-negros.

    Pirillo, na sua grandeza, ofusca até nosso maior ídolo. Zico foi o mais perto de superar o recorde insuperável de 39 gols num campeonato carioca. Na edição de 1979, Zico fez 34 gols em 26 jogos, e perdeu 7 jogos por causa de uma distensão muscular. Pelo meus cálculos de estatístico de formação, dava para Zico superar o recorde de Pirillo. O próprio Zico, no livro Zico, 50 anos de futebol, de Roberto Assaf e Roger Garcia, considera: “Eu cheguei a 34 gols, faltava um turno inteiro, eu estava marcando três por partida, foi uma pena”. Uma pena sim, mas ao menos o recorde é rubro-negro, pertence a um ídolo um pouco esquecido hoje, um pouco subestimado antes, mas que brilhou e fez brilhar muitas vezes, com muitos gols, o Manto Sagrado.

  • Jogos eternos #259: Flamengo 2×1 Fluminense 1965

    Jogos eternos #259: Flamengo 2×1 Fluminense 1965

    Flamengo e Fluminense se enfrentaram mais uma vez na final do campeonato carioca. Dos últimos 6 decisões do campeonato carioca, foram 5 vezes o Fla-Flu, sendo que em 2024 teve Fla-Flu na semifinal. Mas há mais de 100 anos que o Fla-Flu move a cidade, comove o torcedor. O Fla-Flu foi final, foi decisão, foi jogo decisivo. Hoje é uma final, porém ainda sem campeão no fim dos 90 minutos. Em 1965, tinha outro Fla-Flu, com Flamengo perto do título, ainda sem poder erguer a taça, exibir a faixa.

    O campeonato carioca de 1965 era especial antes do apito inicial, era o campeonato do quarto centenário de Rio de Janeiro. Para tentar conquistar o título, o 15o de sua história, Flamengo contratou uma dupla de atacantes vindo do futebol paulista: Silva Batuta e Almir Pernambuquinho. Flamengo tinha a concorrência dos tradicionais, Vasco, Botafogo, Fluminense, mas foi Bangu que foi o melhor, aplicando até um 3×0 no Flamengo que ainda era invicto até aqui. Flamengo se recuperou com vitória 1×0 sobre Vasco, gol de Silva Batuta, outro sucesso 1×0 contra Bonsucesso, outro gol de Silva Batuta. “Amigos, eu costumo escrever que cada brasileiro já foi rubro-negro em alguma encarnação passada. Pensei nisso quando o Silva se rebelou contra o empate premeditado. E ao impacto do ‘goal’, vi torcedores de outros que viraram súbitos rubro-negros” escreveu Nelson Rodrigues depois do gol de Silva contra Vasco.

    O campeonato do IV Centenário se decidia entre Flamengo e Bangu. Fluminense só podia atrapalhar, jogando contra Flamengo na penúltima rodada e contra Bangu na última rodada. No 12 de dezembro de 1965, para o 202o Fla-Flu da história, o técnico argentino Armando Renganeschi escalou Flamengo assim: Valdomiro; Murilo, Ditão, Jayme Valente, Paulo Henrique; Carlinhos, Fefeu; Neves, João Daniel, Silva Batuta, Rodrigues. Uma palavra para o técnico Armando Renganeschi, que participou, com a camisa do Fluminense, do famoso Fla-Flu da Lagoa de 1941, eternizado pelo Mário Filho.

    No Maracanã, com mais de 62 mil pagantes, Flamengo começou melhor o Fla-Flu. Teve gol perdido de Silva Batuta, gol mal anulado de João Daniel. Pouco depois, Neves aproveitou de uma falha do goleiro tricolor Édson Borracha para abrir o placar. Porém, Flamengo ficou na frente apenas 4 minutos, Samarone empatou aos 16 minutos do primeiro tempo com belo gol. E o Fla-Flu foi decidido já no primeiro tempo, para o rubro-negro. O Jornal do Brasil escreveu: “O gol da vitória foi marcado por Silva, aproveitando um cruzamento de Murilo, na marca do pênalti, depois de matar no peito, levar vantagem com Valdez, que desequilibrou-se, e vencer Édson com chute rasteiro e indefensável”.

    Além do golaço, Silva jogava uma maravilha, como homenageou o grande Armando Nogueira: “Trata-se de um atacante que demonstra em cada movimento, em cada jogada, o mais puro senso de futebol coletivo, não se permitindo nunca se sobrepor ao conjunto com filigranas ou dribles desnecessários. Domingo pude observar uma vez mais como é prático o futebol de Silva: ele sai da área para receber a bola em zonas vazias, toca a bola de primeira, insinua-se para a finalização, tudo isso feito com grande realismo e aplicação, sem desperdício, nem de energia, nem de tempo”. Silva Batuta era o herói do Fla-Flu, quase do campeonato, quase nas mãos do Flamengo, que precisava de um empate contra Botafogo para ser campeão.

    E nem precisou. No dia anterior da decisão, agora com grande jogo do goleiro Borracha, Fluminense derrotou Bangu, ofereceu o título ao Flamengo. Um final feliz depois de um grande Fla-Flu, ao menos de um grande Flamengo. “Nesse Fla-Flu, só o Flamengo existiu e o Tricolor foi paisagem” escreveu o tricolor Nelson Rodrigues. Um Fla-Flu que seria considerado final para os tricolores caso vencessem, que não é para nós, nem é decisão, só jogo decisivo. Afinal, o mais importante era isso, Flamengo campeão do Rio, campeão do IV Centenário.

  • Jogos eternos #258: Flamengo 2×1 Vasco 2000

    Jogos eternos #258: Flamengo 2×1 Vasco 2000

    Flamengo joga hoje contra Vasco para mais uma classificação na final do campeonato carioca. O Flamengo é favorito, pela vantagem na ida, pela forma dos dois times, pelo histórico, pelo retrospecto recente, e até não tão recente, já que são 8 anos que Flamengo domina Vasco de uma forma quase absoluta. Repito, dos últimos 31 Clássicos dos Milhões, Flamengo perdeu apenas duas vezes, 1×3 em 2021 e 0x1 em 2023, este placar será suficiente hoje para se classificar. Porém, sendo um Clássico dos Milhões, a derrota é proibida, a vitória é obrigação.

    Em 2000, como hoje, Flamengo buscava o bicampeonato carioca, depois de vencer Vasco na final de 1999. Por sua vez, Vasco vivia uma temporada 2000 conturbada. Foi vice no Mundial de clubes, vice no Torneio Rio-São Paulo. Foi eliminado na Copa do Brasil pelo Fluminense, que ainda navegava entre a Série C e a Série A. Mais do que isso, tinha a dupla explosiva Romário x Edmundo, e o inesquecível “agora a corte está toda feliz: o rei, o príncipe e o bobo” de Romário. Mas Vasco tinha um grande time, no jogo decisivo da Taça Guanabara, Flamengo abriu o placar, mas com 3 gols de Romário, Vasco venceu 5×1, já na metade do segundo tempo. Pedrinho achou gracinha de fazer embaixadinhas para provocar os jogadores do Flamengo, jogo acabou em pancadaria, confusão, briga e 3 expulsões de cada lado. O jogo foi o fim da linha para o técnico rubro-negro Paulo César Carpegiani, chegou logo depois outro ídolo da Nação, no campo e no banco, o eterno Violino Carlinhos.

    Flamengo se recuperou e conquistou a Taça Rio, forçou uma final do campeonato contra Vasco. Era a oportunidade da vingança das embaixadinhas para Flamengo, já Vasco podia se vingar da decisão de 1999. No jogo de ida, Flamengo dominou e fez a diferença no final do jogo, com 3 gols nos últimos 15 minutos. Flamengo venceu 3×0 e como tinha feito a diretoria do Flamengo na Taça Guanabara, o polêmico vice-presidente vascaíno Eurico Miranda mandou embora o técnico Alcir Portella. Chamou no seu lugar Tita, que como jogador foi campeão brasileiro e carioca tanto com o Flamengo que o Vasco, na verdade mais vezes com o Flamengo do que com o Vasco. Enfim, com a vitória 3×0, Flamengo já era quase o campeão. Porém, sendo um Clássico dos Milhões, a derrota é proibida, a vitória é obrigação.

    Em 2000, o Maracanã celebrava o cinquentenário de sua existência. E mais, o dia da final aconteceu exatamente 50 anos depois do jogo inaugural. No 17 de junho de 1950, o imortal Didi, na época com 20 anos, fez para a seleção carioca o primeiro gol da história do Maracanã. Porém teve uma virada e a seleção paulista venceu o jogo 3×1. No 17 de junho de 2000, o técnico Carlinhos escalou Flamengo assim: Clemer; Maurinho, Juan, Fabão, Mozart; Leandro Ávila, Rocha, Fábio Baiano, Iranildo; Reinaldo, Tuta. A grande ausência era Athirson, que abriu o placar na ida e foi acusado de doping. Foi absolvido 3 semanas depois, porém faltou a final, no seu lugar o Violino Carlinhos escalou Mozart. Do lado do Vasco, tinha a volta de Felipe e Juninho Pernambucano, porém, Edmundo, com mais uma polêmica, e Romário, com lesão na coxa esquerda, não participaram do jogo de volta.

    No Maracanã, de 50 anos, mas ainda jovem, ainda raiz, o público era quase só rubro-negro, já que os vascaínos na acreditavam na virada. Porém, o primeiro lance de perigo foi para Juninho e Vasco, mas Clemer fez grande defesa. Maior lance para Flamengo foi de falta, o jovem goleiro vascaíno Helton posicionando a barreira, e Petkovic, preso no banco, rezando com os outros reservas. A cobrança foi para Fábio Baiano, autor de um gol de falta na ida, mas essa vez chutou para fora. No final do primeiro tempo, o duelo entre Felipe e Maurinho foi um pouco acima da legalidade, com cotoveladas e tapas. O juiz nem pensou e expulsou os dois. Dois minutos depois, num lance um pouco confuso, Viola evitou a saída de Clemer e abriu o placar para Vasco. No intervalo, Flamengo 0x1 Vasco. Como aconteceu 50 anos antes, o Maraca precisava de uma virada.

    O susto foi só no intervalo, ou quase. Aos 4 minutos do segundo tempo, Mozart fez um passe obra-prima para Reinaldo, que aproveitou do posicionamento ruim na zaga vascaína para ir no cara-a-cara com o goleiro, para empatar no jogo de volta, para deixar de novo 3 gols de vantagem na soma. Aos 21 anos, Reinaldo fazia seu 15o gol do campeonato, ultrapassado apenas pelo insuperável Romário. Na sua ampla maioria, o Maior do Mundo já sentia que a decisão era decidida, já cantava “é campeão”.

    Na sua imensa alegria, o Maraca não parava de cantar, continuou a cantar 5 minutos depois do primeiro gol rubro-negro, quando Flamengo teve uma falta na esquerda, quase no mesmo lugar onde Fábio Baiano tinha feito gol no jogo de ida. Esta vez, Beto cruzou, Juan, com a cabeça, pulou mais alto que o braço de Helton. A bola claramente ia no caminho do gol, mas Tuta, sem responsabilidade e com egoismo, roubou o gol, puxando a bola no gol vazio. Com Helton fora do gol, Tuta era claramente em posição de impedimento, mas o gol foi valido pelo juiz. Pelo salto majestoso, pela legalidade do gol, pela ligação com a Nação, pela reação na provocação de Pedrinho, Juan merecia o gol, mas quem fez foi Tuta. Enfim, Flamengo estava na frente, na ida e na volta.

    Com a taça nas mãos, Flamengo relaxou um pouco, Vasco passou a dominar e Clemer fez defesaça numa cabeçada de Viola. Estava escrito que jogo acabaria assim. Os torcedores mais matemáticos repararam que a soma dos dois jogos, 3×0 na ida, 2×1 na volta, fazia 5×1. A goleada da Taça Guanabara era devolvida. Para uma vingança completa, faltava devolver as embaixadinhas de Pedrinho. E Beto se rendeu aos apelos da Nação, levantou a bola e fez várias embaixadinhas com a cabeça, para a explosão de felicidade do Maraca. Beto recebeu bronca do Rodrigo Mendes, reclamação do Tita, desaprovo do Carlinhos, até recebeu cartão amarelo do juiz. Mas os vascaínos, já derrotados, nem reagiram.

    Depois de 90 minutos, de 90 faltas também, era o futebol carioca raiz no bom e no mal, o juiz apitou o final do jogo. O último campeonato carioca do milenário era do Mengo, a “molambada” como falou Eurico Miranda durante toda a semana, partiu para uma grande festa na Gávea. “Quem tem o Eurico Miranda como adversário não precisa de psicólogo nenhum para motivar o time. Suas provocações nos fortaleceram” rebateu ao dirigente vascaíno o goleiro Clemer. O “Vice de Gama” era tri-vice no primeiro semestre de 2000. Para Flamengo, o bicampeonato carioca anunciava o Tri.

    “Bicampeão na técnica e no coração” manchetou o Jornal do Brasil. No mesmo jornal, Luiz Augusto Nunes escreveu: “Uma conquista merecida de um time que jogou com coração, garra e técnica, tudo traduzido numa superioridade indiscutível dentro de campo, com direito a troca de passes, grito de olé e até uma debochada embaixadinha que Beto fez no final, atendendo o pedido da massa […] O Flamengo poderia ter perdido por três gols de diferença, mas jogou para vencer. Um rubro-negro em especial teve seu nome reverenciado: era o técnico Carlinhos, que, mais do que todos, merecia esse título”. Carlinhos conquistava seu terceiro campeonato carioca como técnico do Flamengo e Zagallo, presente no Maraca, anotava para o próximo ano: é assim, na técnica e no coração, que se vence o Vasco.

  • Jogos eternos #257: Flamengo 1×0 Vasco 2017

    Jogos eternos #257: Flamengo 1×0 Vasco 2017

    Hoje é o último dia do desfile do Carnaval de Rio de Janeiro e Flamengo está perto de comemorar mais uma classificação para a final do campeonato carioca, podendo até perder de um gol de diferença contra Vasco. Mas perder contra Vasco nem é uma opção. Dos últimos 31 jogos entre Flamengo e Vasco, Vasco ganhou apenas dois! A série se abriu em 2017, num outro final de semana de Carnaval, numa outra semifinal, da Taça Guanabara.

    Parece bizarro com os dias de hoje, mas em 2017, quem vivia um jejum era o Flamengo. O Mengão não tinha vencido nenhum dos 9 últimos Clássicos dos Milhões, fazendo apenas 3 gols! Vasco não impunha goleadas, no máximo fez 2 gols num jogo, mas não perdia mais para o Flamengo, com ápice a classificação na Copa do Brasil de 2015. Em 2017, Flamengo e Vasco se enfrentaram pela primeira vez do ano na semifinal da Taça Guanabara, Flamengo ainda invicto, Vasco já com 2 derrotas. No 25 de fevereiro de 2017, sábado de carnaval, o técnico Zé Ricardo escalou Flamengo assim: Alex Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz, Trauco; Willian Arão, Rômulo, Diego; Mancuello, Éverton, Paolo Guerrero.

    Antes do clássico, no Raulino de Oliveira de Volta Redonda, teve troca de faixas “Somos rivais, não somos inimigos”, duas semanas depois da morte de um torcedor botafoguense antes do Flamengo x Botafogo. O clima em campo, porém, claro, não foi nada amigável, com várias faltas. Do lado do Flamengo, o nome mais em ação era Éverton, com dribles e chute perigoso. E no final do primeiro tempo, ainda foi Éverton que conseguiu o pênalti, passando na frente de Luan num bom passe de Willian Arão. Na cobrança, Diego, ainda não capitão, ainda não camisa 10 nas costas. Com a camisa 35, com raça, amor e paixão, com calma também, Diego chutou colocado no meio do gol e abriu o placar.

    Flamengo dominou absolutamente o segundo tempo, sem fazer o gol. Diego quase fez o doblete, mas chutou na trave. No finalzinho, Paolo Guerrero chutou no Martín Silva e seguia sem fazer gol no Clássico dos Milhões. Mas tinha mais importante, Flamengo vencia e se classificava na final da Taça Guanabara contra Fluminense, colocava um fim ao incomodante jejum contra Vasco, e ainda sem saber, passava a reinar de forma (quase) absoluta no Clássico dos Milhões, até quando, a gente ainda não sabe.

O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”