
Francês desde o nascimento, carioca desde setembro de 2022. Brasileiro no coração, flamenguista na alma. Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.
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Na geral #8: Fla é tri e eu sou feliz

Eu esperava a recepção da torcida para escrever sobre a final da Libertadores, mas acho que posso esperar um tempão ainda. Vamos então para o dia de 29 de outubro de 2022. Na verdade, no dia antes, 28 de outubro. Claro que a ansiedade começa no dia da classificação para a final, 7 de setembro de 2022, dia do bicentenário da independência do Brasil e também um dia depois de minha chegada no RJ. A ansiedade se intensifica no começo da semana da final, e para mim, se torna realmente insuportável um dia antes da final.
Talvez a ansiedade do dia antes é pior que a do dia D. No 29 de outubro de 2022, já tem a excitação do jogo. Eu estava na Rocinha, onde moro atualmente, e sempre tem muitas camisas do Flamengo no morro. Mas no 29 de outubro, a Rocinha estava de duas cores só, o preto e o vermelho. Era de uma energia incrível, a Nação estava lá, com estava em todos os lugares do RJ, favelas e asfalto, em todos os cantos do Brasil, do Norte até o Sul, no Nordeste e no Distrito Federal. Isso, só o Flamengo.
Assisti ao jogo com a Roça Fla, um grupo de torcedores do Flamengo na Rocinha. Já tinha assistido ao jogo de ida da final da Copa do Brasil, e para a final da Copa da Libertadores, o jogo era retransmitido numa quadra de futebol. E claro, a quadra estava cheia de rubro-negros. Eu estava com a camisa da Fla Paris e outra da Roça Fla. E já falei da hospitalidade dos brasileiros, mas vou falar mais uma vez aqui, porque fui muito bem acolhido de novo. O presidente da Roça Fla, Fernando, me acolheu com sorriso, abraços e muita fé na vitória do Flamengo. E retribuí um pouco o carinho, chamando franceses para assistir ao jogo na Rocinha. Dois foram, e acho que eles gostaram muito do ambiente do local. Talvez mais dois rubro-negros no mundo. Porque a paixão flamenguista é contagiante.
A final não foi o melhor jogo da Libertadores, como acontece muitas vezes numa final. Fui entrevista pelo Diário do Fla no AeroFla e falei que o placar não importava, o que importava era a vitória, o título. Na Rocinha, a expulsão do Pedro Henrique foi festejada como um gol, com cerveja no ar, gritos, cantos, foguetório. A festa era impressionante, a torcida não para de cantar, nunca. A quadra da Rocinha virava o Maracanazinho. E o gol do Gabigol foi de uma emoção indescriptível. Eram abraços, lágrimas, orações. Isso, só o Flamengo.
Flamengo é merecidamente o campeão da Libertadores de 2022. Fez uma campanha incrível, com 12 vitórias, um empate e nenhuma derrota. Talvez é a maior campanha da história do torneio, Estudiantes teve um aproveitamento de 100% em 1969, mas com 4 jogos só. Porém, acho a campanha de 2019 do Flamengo mais marcante, com uma qualificação dramática contra Emelec nas oitavas, e depois confrontos contra os dois grandes do Rio Grande do Sul, Internacional e Grêmio, com um cincum eterno. Mais eterno, só o jogo final, contra River, com dois de Gabigol. E uma taça que não vinha desde 38 anos finalmente nas mãos rubro-negras.
Na quadra da Rocinha, teve mais festa ainda, com cantos, hino, cerveja, churrasco e até champanhe. Depois, claro, muita música. Kevin, da Fla Paris, me ligou, para compartilhar a alegria. Sabia que tinha muito festa em Paris também, e apesar de ser bastante feliz aqui, tenho também saudade do consulado da Fla Paris. Depois, fui num bar da Rocinha, onde de novo, tinha só camisas do Flamengo. No 29 de outubro de 2022, o Manto Sagrado parecia dress code. Fiz outras amizades, um cara chegou a me dizer que estava mais feliz de me ter conhecido de que ter visto a vitória do Flamengo. Agradeci pelo elogio e estou muito feliz de conhecer ele, mas a honestidade me obrigou a dizer que sou mais feliz ainda com o título do Flamengo. Tem uma alegria e um orgulho incomparáveis nas conquistas do Flamengo, ainda mais numa Libertadores. Começa o dia com ansiedade tremenda, fecha o dia com felicidade imensa. Isso, só o Flamengo.
Fecho a crônica com a atuação do Gabigol. Decidiu mais uma vez uma final da Libertadores. É bicampeão, em 2019 e 2022, e também duas vezes artilheiro, em 2019 e 2021. Falei que meu top 3 particular dos ídolos da Nação é primeiro Zico claro, depois a camisa 2 Leandro e em terceiro nosso Didico. Mas acho que o Gabigol pode ser agora o segundo maior ídolo do Flamengo. No Flamengo, só dois jogadores marcaram gols em finais de Libertadores, o Rei Arthur e o Gabigol. Para Gabigol, foram 4 gols em 3 jogos, achando as redes em todos os jogos. Gabigol é a cara dessa geração do Flamengo, que ganhou tudo, menos o Mundial, que vai ganhar. Falta ainda alguns meses para esse jogo chegar, com uma ansiedade que não vai parar de crescer. Isso, só o Flamengo.

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Jogos eternos #15: Flamengo 2×0 Cobreloa 1981

Para hoje, um dos dias mais importantes da história do Flamengo, não vamos de um jogo eterno contra o Athletico Paranaense, até porque já escrevi sobre a última final contra o clube paranaense, o tri da Copa do Brasil em 2013. Eu vou então de uma final de Libertadores vencida pelo Flamengo, e como já escrevi também sobre o milagre de Lima em 2019, vamos da primeira conquista do Flamengo na competição, contra Cobreloa em 1981.
Eu também já escrevi sobre o time histórico de 1981, o maior time da história do Flamengo. Vamos então diretamente para a final, contra Cobreloa, time chileno que, como Flamengo, estreava na competição. O jogo de ida, no Maracanã, teve marca de gênio, com dois gols de Zico. O jogo de volta, no Estádio Nacional, teve marcas de sangue, com o zagueiro Mario Soto agredindo Adílio, Lico e Tita com pedra na mão que o juiz fingia não ver. Na época, não tinha uma final única, mas teve um jogo de desempate, no Centenario de Montevidéu, onde alguns meses antes a Seleção tinha perdido o Mundialito contra os donos da casa. O Centenario, palco também da primeira final da Copa do Mundo. Um estádio que infelizmente não será tão feliz para o Flamengo 40 anos depois da glória de 1981.
No 23 de novembro, dia histórico para o Flamengo, Paulo César Capergiani escalou o time assim: Raul; Nei Dias, Marinho, Mozer, Júnior; Andrade, Leandro, Zico; Adílio, Tita, Nunes. Um time histórico, e uma ousadia de Carpegiani, que escalou Leandro no meio de campo, Lico não podendo jogar por causa da violência e das batidas do Mario Soto. Mas Leandro é craque em qualquer lugar de campo, se não tinha Zico, poderia ter jogado com a camisa 10. Mas graças a Deus, Zico estava lá.
Flamengo entrou em campo com as camisas dos juniores, as camisas do time principal foram perdidas em algum lugar do aeroporto de Santiago. Zico recusou de apertar a mão de Mario Soto. Fez certo. Mario Soto não estava aqui para jogar bola, estava lá para bater, com arma não mão. Se fosse na rua e não num campo de futebol, seria preso com toda justiça. Mas a justiça no futebol é muitas vezes diferente. No Centenario, o jogo começou com muita violência dos chilenos, como no Estádio Nacional. E no Centenario, o jogo começou com gol de Zico, como no Maracanã.
O primeiro gol de Zico pode parece ser sorte. Mas não é. É o gol de quem acredita, de quem não desiste. Zico é cercado por quatro jogadores, perde a bola, mas não desiste, fazendo a pressão. Com a ajuda de Andrade e Adílio, a bola volta nos pés de Zico. Na verdade, volta só no pé direito de Zico, que com um toque só, já manda a bola no fundo das redes. Golaço. Flamengo 1×0 Cobreloa.
Depois, Alarcón é expulso por falta dura e o jogo fica mais fácil entre um time que sabe jogar futebol e um outro que gosta de bater. Mas mesmo assim, Cobreloa não desiste da violência. No segundo tempo, mais uma falta, com uma oportunidade boa para o Flamengo. Na verdade, uma grande oportunidade quando o batedor se chama Zico. O Rei Arthur já tinha batido uma falta no jogo no Maracanã, já tinha observado que o goleiro fazia antecipação, já sabia que ia bater no outro lado, no contrapé. Pensou com a cabeça, matou com o pé. Golaço. Flamengo 2×0 Cobreloa.
O jogo estava quase acabado, o Flamengo enfim era oficialmente o dono da América. E o Carpegiani fez o que milhões de rubro-negros sonhavam. Fez entrar Anselmo, que realizou o sonho de uma Nação, a Nação do Flamengo e também quem não era flamenguista, mas que se apaixonava com um time que jogava um futebol maravilhoso, mesmo contra muita violência. Anselmo atendeu ao pedido especial de Carpegiani, entrou no jogo, não procurou a bola, procurou o Mario Soto. No livro 1981, o ano rubro-negro de Eduardo Mansanto, Zico fala: “O Brasil inteiro queria dar uma porrada no cara por tudo que tinha acontecido. O Anselmo, já entrou, encostou do lado e deu-lhe uma jamantada. O cara arriou! Capotou. Estava terminando o jogo, ninguém viu! A gente só viu depois os caras correndo atrás dele. Por que estão correndo atrás dele? Alguma coisa aconteceu, não é”. Acho que foi justo.
O pedido do Carpegiani, a realização perfeita de Anselmo ficaram na história desse jogo eterno. E quem fica na história do futebol é o Flamengo de 1981, é o Zico, nosso perfeito craque, que mais uma vez brilhava com o Manto Sagrado e fazia do Flamengo, ainda não oficialmente, o melhor time do mundo.
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Na geral #7: Eu fui no AeroFla

Sempre gostei das demonstrações de torcidas quando a bola não está rolando, quando não tem jogo. Seja um treino aberto, seja uma recepção depois de um título. Ou melhor ainda, um incentivo antes de um jogo importante, lá no aeroporto. Confesso que um dos que gosto mais nem é do Flamengo. Quando o Corinthians foi no Japão em 2012, a festa no Guarulhos foi impressionante. Acho que por ser num local fechado, se tornava mais irrespirável, mais impressionante. Mas a torcida do Flamengo não cabe em nenhum aeroporto internacional do mundo. Aliás, Flamengo não tem torcida, Flamengo tem Nação.
Com o Flamengo, fiquei fascinado no AeroFla de 2016 no Santos Dumont e o de 2019 no Galeão, antes da final da Libertadores. Sempre com uma vontade só, de estar lá com os irmãos flamenguistas para torcer juntos. Em 2022, estou no Rio, posso ir para mais um AeroFla apesar do horário nada agradável, com um início as 6 de manhã no Galeão, e, pelo menos, uma hora de transporte para mim.
Procurei no Twitter a página do AeroFla e pedi para me inscrever num grupo WhatsApp para ter mais informações. Com um limite de 256 pessoas por grupo, os grupos enchem rapidamente. Tive a sorte de ficar no grupo 7. Um número que gosto já, o número de um dos meus maiores ídolos no futebol, Garrincha. O dono atual da camisa 7 no Flamengo também é ídolo, Everton Ribeiro, um dos jogadores mais antigos do clube, um craque, o melhor jogador da final da Copa do Brasil, que tive o prazer de assistir no Maracanã. Também, nasci um 7 de julho, 07/07. Esse grupo era predestinado.
O dia antes, não fui no Maraca para o jogo contra Santos. Ainda um pouco doente, e com um jogo às 21:45, sabia que não ia voltar em casa antes de uma hora da manhã, com algumas cervejas bebidas. E que talvez não ia conseguir acordar para o AeroFla. Um jogo no Maracanã é quase uma vez por semana, um AeroFla é uma vez na temporada, duas vezes no melhor dos casos. Preferi o AeroFla e fiz bem.
Dia do AeroFla, acordei às 5:45 de manhã. Muito cedo, ainda mais que agora no RJ tenho costume de não acordar antes de 9 horas. Mas Flamengo vale todos os esforços. Peguei um Uber da Rocinha até Galeão, e cheguei um pouco antes de 7 horas. Já tinha alguns flamenguistas e depois os selfies de identificação, encontrei a primeira do grupo 7 da AeroFla do WhatsApp, Ana Paula. Depois, mais pessoas se juntaram, virou uma galerinha. E chorei discretamente. Portanto, ainda não tinha tanta animação, não foi o show da torcida que me fez chorar, foi de estar lá, nesse momento presente, uma quarta-feira às 7 da manhã, para o Flamengo. Tudo pelo Flamengo, nada do Flamengo.
Depois, mais pessoas do grupo 7 da AeroFla do WhatsApp se juntaram, virou uma família. Fui muito bem acolhido, a informação que era francês se passando rapidamente. Fui batizado “gringo da sorte”. Mas quem tinha sorte era eu. Já falei que o povo brasileiro é de uma gentileza extrema, de coração puro. Claro que a paixão flamenguista em comum ajuda, mas acho que ia ser acolhido da mesma maneira em outras ocasiões. Recusei a cerveja de 7:30 da manhã, aceitei a de 8:30. Eu dificilmente fazia 100 metros sem Taynara perguntar “cadê o gringo?”, Tiffany responder “não podemos perder o gringo da sorte”, Guto abrir o caminho para mim. Tive muito sorte, fui muito feliz.
Andei com meu Manto Sagrado, a bandeira da Fla Paris na mão, cantando muito, vibrando muito. A Torcida Jovem chegou, a ponte tremeu, tremi de cair na água, a Nação estava lá, numa quarta-feira, 9 horas da manhã. Ainda cantei, ainda vibrei. Quando o ônibus dos jogadores chegou, foi de arrepiar. Talvez minha maior emoção com o Flamengo desde que cheguei no RJ, e fui no Maracanã ver o Flamengo ser campeão da Copa do Brasil. Mas no AeroFla tinha uma coisa a mais, o povo era presente, com a voz alta e o coração batendo forte, e com alguns loucos subindo o ônibus para fazer a bandeira do Flamengo voar no topo do mundo. Depois, Taynara foi me buscar que estava me perdendo um pouco de tanta emoção, perdendo o espaço, a hora, ficando o brilho no olho.
Ainda teve cantos, fotos com a bandeira da Fla Paris, abraços entre o “gringo da sorte” e novos irmãos flamenguistas, algumas cervejas, teve até entrevista na televisão, perto de 10 da manhã. E teve Flamengo, muito Flamengo, sempre Flamengo. Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.
Depois teve a volta, a longa caminhada, a chegada de ônibus até a Penha, onde mora Guto, um cara sensacional, que ajuda quem pode ajudar, sem nenhum tipo de distinção. Fui muito sorteado de encontrar ele, o AeroFla não teria sido tão bom sem ele, tive tempo de dizer isso para ele e falo isso aqui de novo. Fomos beber uma cerveja no bar, eu queria ficar mais tempo, mas estava de cansaço forte e de bateria do celular fraca, já era meio dia, mas era um dia inteiro pelo Flamengo e com o Flamengo.
Voltei na Rocinha de trem, passando por Olaria, Ramos, Bonsucesso, Manguinhos e mais. Um recado para mim, que fica principalmente na Zona Sul. O Rio é muito lindo, o Rio é muito Flamengo, mas é de muitas desigualdades também. E no AeroFla, encontrei pessoas de Vila Cruzeiro, Vigário Geral, Cidade de Deus e de outros lugares sem saber, e quero agradecer todos pelo acolhimento que fizeram ao “gringo da sorte”. Que toda essa força se transforma em uma vitória de nosso Mengo amanhã.
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Na geral #6: A Copa do Brasil eu tenho 4

Eu peguei tempo para escrever essa crônica sobre a final da Copa do Brasil de 2022. Talvez porque a ficha não caiu ainda, talvez porque vivi outras emoções com o Flamengo desde o 19 de outubro, e preciso explicar antes o que vivi o 19 de outubro. Vamos então voltar a esse dia, dia de final, dia de Flamengo ser campeão.
Já falei que queria muito ganhar a Copa do Brasil, porque era o único título com o Mundial que o Flamengo não tinha vencido desde que começou a ganhar de novo tudo, em 2019. Adoro também o formato de mata-mata, tem muita emoção e teve muitas frustrações nos anos passados, contra o Athletico Paranaense duas vezes, contra o São Paulo uma vez. Mas em 2022, Flamengo passou do Athletico nas quartas, do São Paulo nas semifinais, já tinha eliminado Altos e Atlético Mineiro antes. Agora, o Flamengo, e eu também, podiam sonhar alto.
Inclusive, já estava presente no Maracanã para o jogo de volta da semifinal, meu primeiro jogo no Maracanã em 2022. E agora estava de volta para a final, minha primeira decisão do Flamengo no Maracanã de sempre, pelo menos nessa incarnação. Já tinha assistido a uma decisão no Maracanã, quando a Seleção venceu o Peru para conquistar a Copa América de 2019, mas agora eu tinha o Manto Sagrado nas costas.
A escolha do Manto Sagrado para o dia 19 de outubro era importante. Deixei várias camisas do Flamengo na França, porque claro não cabia tudo numa mala de 20 quilos. Tenho só algumas no Brasil e escolhi finalmente o Manto Sagrado de 2014. Não um ano grande para o Flamengo, mas Flamengo vestiu essa camisa como campeão da Copa do Brasil. Então para a final da Copa do Brasil, me parecia a melhor escolha possível.
No 19 de outubro, cheguei bem cedo no Maracanã. Nunca tinha assistido a uma decisão do Flamengo no Maraca, mas já imaginava as confusões. E mais, ainda não tinha o ingresso na mão. Um ingresso de valor alta, em reais e no coração. Cheguei no Maracanã mais de duas horas antes do apito inicial e chegou o primeiro susto. Estava sem internet, sem saber como podia encontrar o Ramon que tinha meu ingresso. Reparei um cara que estava ligando alguém e o pediu depois para ele ligar o Ramon para mim. Aproveito aqui para dizer que o povo brasileiro é de uma gentileza extrema, ajuda plenamente e com o coração, sem esperar nada em troca. O cara não só ligou Ramon, ele também esperou comigo, apesar da pressa dos amigos dele para entrar no estádio. Esperou uns vinte minutos, me deixando só quando eu tinha o ingresso na mão.
Eu tinha o ingresso na mão e podia entrar no Maracanã, evitando as confusões do pré-jogo. O Maraca virou minha casa, desde a semifinal de volta contra São Paulo, fui de novo para o Fla-Flu, para as vitórias contra o Red Bull Bragantino e o Atlético Mineiro. No 19 de outubro, passei das seguranças para entrar no Maracanã. Sempre tenho um pequeno estresse antes de entrar no estádio, de o ingresso não ser valido, mas agora estava bom, estava dentro do Maraca, pronto para o jogo. Eu nunca tinha chorado de verdade no Maracanã, chorei no meu primeiro gol no estádio, lá no Fla-Flu de 2017, gol de Everton, mas era lagriminha, ficando no olho. Mas no 19 de outubro, nos corredores, eram lágrimas no rosto inteiro. Tive de parar a caminhada para recuperar das emoções. Clima de decisão é diferente.
Não sei o que é melhor, ganhar um título com o Flamengo ou assistir a um jogo no Maracanã, na Norte. Por sorte, fiz os dois ao mesmo tempo. Estou agora mais acostumado com o Maracanã, fui diretamente no 43, perto da Fla Manguaça. Subindo as escadas, chorei de novo, com lágrimas no rosto. Faltava uma hora antes do jogo, e o Maraca já era cheio, cantando, vibrando, fumando. Arrepiei, chorei, estressei. E depois cantei, alto, forte, às vezes errado, mas sempre com o coração.
O pré-jogo foi um dos maiores espetáculos que eu vi na minha vida. A entrada do time foi uma coisa pela qual não tenho as palavras suficientes, em português ou em francês, para descrever. Mas acho que meu maior jogo no Maracanã ainda é o Fla-Flu de 2017, o 3×3 na Sudamericana. Porque no 19 de outubro, a vibração da torcida caiu durante o jogo. Claro, com um ingresso tão caro, é mais difícil de ter o ambiente que já existiu no Maracanã faz tempo, que fez do Flamengo a melhor torcida do mundo. Na final contra o Corinthians, até na Norte, tinha pessoas quase não cantando durante todo o jogo. Algumas pessoas esperavam o lance do jogador, o chute perto do gol para apoiar o time, quando deve ser o contrário, é a torcida que empurra para o jogador fazer o lance decisivo.
A torcida podia ter uma responsabilidade em caso de derrota na final, como Dorival Júnior, que mexeu errado, fez o time esperar a reação do Corinthians. Flamengo fez um gol com 5 minutos de jogo, e depois esperou, esperou o Corinthians fazer o gol, que de fato aconteceu. Para minha primeira decisão do Flamengo, era um disputa de penalidades, e sem saber porquê, estava vestido de um pessimismo grande. Ainda mais quando Filipe Luís errou, na primeira tentativa.
E de novo, a torcida podia ter sido melhor, o barulho maior. É o fim do jogo, pode dar tudo que fica na voz ainda para empurrar o Flamengo, vaiar o Corinthians, mas teve de esperar o erro de Fagner para ter um ambiente digno do Maraca, digno do Flamengo. Depois, ainda mais estresse, ainda meu vestido de pessimista, nas tentativas de Gabigol e Everton Cebolinha. Mas Gabigol é ídolo da Nação, não tremeu, e fez tremer a torcida agora completamente louca. Na Norte, orações, lágrimas, abraços com o irmão desconhecido. E depois foi Rodinei, meu Rodilindo. Adoro ele, um jogador limitado, mas esforçado, de comportamento exemplar. Merecia o gol, como o Flamengo merecia o título. Chutou cruzado e fez, fez a torcida vibrar.
Depois foi um outro show nas arquibancadas que não merecia fim. Infelizmente, precisava pegar o último metrô e não foi possível de ficar muito tempo, nem de ver o time levantar a taça. Mas nesse 19 de outubro, já estava bem de emoções. Podia voltar tranquilamente, mas não evitei as confusões do pós-jogo. Na rampa, fogos eram lançados nos torcedores. Dei um pique para entrar no metrô, de novo com os olhos úmidos, mas agora por causa do gás de pimenta. O metrô chegou, e eu podia voltar a sonhar com meu Flamengo. Vi um título do Flamengo, no Maracanã, e ainda hoje, 27 de outubro, parece um sonho. Depois voltei na Rocinha, fui ver rapidamente a Roça Fla, o grupo de torcedores de lá, que espero vai virar minha casa para os jogos fora de casa. A Roça Fla que fez o show dela, com fogos e cantos. Dei um abraço para Fernando, vibramos juntos, quase duas horas depois do apito final. Ainda fui no bar onde já estou acostumado de ir, e vi a felicidade no olho da gerente, Irani, com o título do Flamengo. Flamengo ainda tem a maior torcida do mundo.
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Jogos eternos #14: Flamengo 1×0 Santos 2019

Para essa semana de final de Libertadores, vamos com o ano dourado de 2019, com um jogo eterno contra Santos. Relembro que estava muito ansioso com esse jogo. Em jogo, o título do primeiro turno. Flamengo era líder com 39 pontos, Santos só um pouco atrás com 37 pontos. Era a 19a rodada do Brasileirão, quem ganhava o jogo, ganhava o primeiro turno.
Santos era muito bem esse ano, com um grande técnico, Jorge Sampaoli. Tinha grandes jogadores também, como Everson, Luan Peres, Lucas Veríssimo, Carlos Sánchez, Soteldo, Eduardo Sasha. Tinha também ex ou futuros flamenguistas, como Gustavo Henrique, Jorge, Marinho e Uribe. Mas Flamengo era melhor. Tinha seu técnico estrangeiro também, chamado Jorge também, o Mister. No 14 de setembro de 2019, Jorge Jesus escalou Flamengo assim: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta; Bruno Henrique, Gabigol. Um time histórico.
No Maracanã, um jogo eterno, com 68.243 espectadores, inclusive o técnico da Seleção, Tite. Um clima de decisão no Maraca, Flamengo começou melhor, sem fazer o gol. Santos reagiu, sem fazer o gol. Até o fim do primeiro tempo, quando brilhou a estrela do Gabigol. Um chute colocado, de cobertura, sem chance para Everson. O artilheiro do campeonato fazia valer a lei do ex, fazia um golaço, um de seus gols mais bonitos de sua carreira com o Manto Sagrado. Quando precisava, o craque apareceu para fazer a diferença. Uma comemoração icônica, Maracanã em delírio, Flamengo na frente no placar.
No segundo tempo, de novo, muita emoção, jogadas lindas, chutes, dribles – um sensacional de Bruno Henrique, faltas, mas nada de gol. Gabigol fazia o único gol do jogo, decidia o jogo, oferecia ao Flamengo o primeiro turno. Relembro que foi depois desse jogo que eu tinha a certeza quase absoluta que Flamengo ia vencer o Brasileirão 2019. Mas claro, não podia imaginar que esse ano ia ser tão histórico.
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Jogos eternos #13: América Mineiro 2×3 Flamengo 2011

De volta com jogos eternos contra o adversário do dia, hoje o América Mineiro. O jogo é de 2011, na Arena do Jacaré em Sete Lagoas, porque o Independência era em reforma na época. Flamengo vinha de um título carioca invicto e ainda não tinha perdido no Brasileirão em 6 jogos. Mas eram apenas 2 vitórias e já 4 empates.
No 29 de junho de 2011, Vanderlei Luxemburgo escalou Flamengo assim: Felipe; Léo Moura, Welinton, Ronaldo Angelim, Junior César; Willians, Luiz Antônio, Renato Abreu; Thiago Neves, Ronaldinho, Deivid. O time realmente era bom e poderia ter feito mais em campo, mais do que o 4o lugar no final do campeonato.
Ronaldinho era o craque do time, já campeão carioca, já capitão. Para mim, era um erro, a braçadeira era mais para um líder como Ronaldo Angelim, Léo Moura ou Renato Abreu. Acho que Ronaldinho não é um capitão, um líder vocal, um líder no exemplo. E apesar do título carioca, era contestado pela torcida. Apesar dos gols, dribles, algumas jogadas de gênio, estava fora de forma, com atuações sem brilho, pênalti perdido e mais ainda. Até foi vaiado na eliminação da Copa do Brasil.
Contra o América Mineiro, Ronaldinho brilhou desde o começo, com boladinha de calcanhar para Júnior César. Depois, cravou uma falta, a 20 metros do gol do Flávio. Ronaldinho na bola, dois passos, bola na gaveta. Golaço. Falta era a jogada do primeiro tempo, com dois gols vendo de uma falta, o Coelho conseguiu virar antes do intervalo. América 2×1 Fla após 45 minutos de jogo.
Como no primeiro tempo, Ronaldinho brilhou desde o início do segundo tempo. Um duelo vencido, uma pedaladinha, e um chute do pé esquerdo, que passa bem perto do gol. No 10o minuto do segundo tempo, o gol do empate para Flamengo. Renato Abreu para Thiago Neves, com um drible curto e um passe de trivela para Deivid. De pivô, Deivid fez o gol do empate. O trio Ronaldinho – Thiago Neves – Deivid foi eficiente em 2011, com 21 gols para cada jogador na temporada. O time podia ter brilhado mais.
Leandro Fereira foi expulso por falta dura no Willians. Gostava muito do Willians, um dos maiores pitbulls que vestiram o Manto Sagrado. Depois de uma tabelinha com Ronaldinho, Darío Botinelli, que tinha entrado em campo, quase fez o gol do 3×2, mas Flávio fez a defesa. Gostavo muito do Darío Botinelli, talvez não um dos maiores argentinos que vestiram o Manto Sagrado, mas um jogador que podia fazer a diferença saindo do banco.
E Botinelli fez a diferença nesse jogo, com um passe cruzado para Ronaldinho. Com a tranquilidade do craque, Ronaldinho dominou e chutou, sem força, chutou colocado e preciso, para fazer o gol da virada, o gol da vitória. Uma vitória que tinha a cara do Ronaldinho. Infelizmente, não aconteceu tantas vezes nessa temporada.
Flamengo ficou invicto até a 16a rodada, quando era vice-líder, com o mesmo número de pontos do que o líder e futuro campeão, o Corinthians. Mas depois, ficou 10 jogos sem nenhuma vitória! Uma série impossível para quem quer ser campeão. Flamengo poderia ter feito mais em 2011, mas pelo menos, ganhou no campo do América, com grande atuação do Ronaldinho.
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Jogos eternos #12: Flamengo 2×0 Athletico Paranaense 2013

Uma exceção hoje, nós não vamos de um jogo contra o adversário de dia, mas vamos de um título. Porque hoje é dia de decisão, é dia de título. Estou louco desde muito tempo para ganhar mais uma Copa do Brasil. Porque é mata-mata, é emoção. Gosto muito da Copa do Brasil, e desde que o Flamengo recomeçou a ganhar tudo, só falta o Mundial e a Copa do Brasil.
Flamengo merece a Copa do Brasil e a Copa do Brasil merece Flamengo. Em 2013, os times classificados na Copa Libertadores estreavam na Copa do Brasil nas oitavas. Mas Flamengo, depois de uma temporada 2012 muita fraca, começou na Copa já na primeira fase. Passou Remo, Campinense, ASA. Eliminou o Cruzeiro campeão brasileiro, com gol de Elias no fim do jogo. Em meio a uma crise, goleou o Botafogo de Seedorf, com três de Hernane. Venceu duas vezes 2×1 Goiás na semifinal.
Na final de ida, contra o Furacão, empate fora de casa. Inclusive, como foi esse ano contra o Corinthians. Ainda tinha a regra do gol fora de casa, e Flamengo podia ser campeão com um 0x0. O Maracanã foi reinaugurado esse ano de 2013, depois de anos longe de casa para o Flamengo, no Engenhão. Todo mundo queria estar no Maraca, apesar dos ingressos muitos caros. Ingresso mais barato era 250 reais, um absurdo. E o Maracanã estava lotado, com 68.857 torcedores. Com isso, Flamengo arrecadou quase 10 milhões de reais, quase um recorde, só perdendo para a final da Libertadores do mesmo ano.
27 de novembro de 2013, Flamengo foi escalado assim: Felipe; Léo Moura, Wallace, Samir, André Santos; Amaral, Elias, Carlos Eduardo; Luiz Antônio, Paulinho, Hernane. O técnico era Jayme de Almeida, o interino de sempre, agora efetivado. Gostava muito de Jayme, era limitado como técnico, mas se há uma coisa que não pode ser duvidada, é seu rubro-negrismo. É próximo dos jogadores, e para um trabalho de poucos meses, para buscar um título, pode ser o nome ideal.
No Maracanã, Flamengo dominou o primeiro tempo, sem fazer o gol. Luiz Antônio achou a junção do travessão e da trave de Weverton numa falta de bem longe. No segundo tempo, Hernane teve boas chances, de pé esquerdo, de cabeça, até de voleio. Ainda 0x0, a um gol de uma glória eterna ou de um vexame histórico.
No 87o minuto, Elias achou em profundidade Paulinho, que cruzou para Hernane. Chutou de pé direito, Weverton rebateu com a cabeça. Hernane recuperou a bola, cruzou de pé esquerdo para Paulinho. Paulinho esperou e fez uma finta sensacional, um giro que deixou o defensor meio perdido. Paulinho para Elias, bem colocado na grande área, só esperando a bola para fazer a alegria dos torcedores, no Maracanã e no mundo inteiro. Elias para o fundo das redes, Flamengo 1×0.
Esse gol teve a participação dos jogadores mais importantes do ano. Gostava muito de Paulinho, um driblador, bom de bola. Num time limitado, precisa de um jogador que pode fazer a diferença sozinho, ganhar 30 metros com uma arrancada, dois dribles e uma falta. E Elias reinou no meio de campo em 2013. Flamengo não fracassou por pouco em 2013 e boa parte do mérito é por Elias, líder técnico do time. E claro Hernane, que fez uma temporada de sonho, e que era quase um Obina para mim em termo de idolatria.
O jogo começou as 21:50 no Brasil, e assisti ao jogo no meio da noite na França, sem poder gritar porque minha irmã estava dormindo no mesmo quarto. Não sei a qual hora aconteceu o gol do Elias em Paris, mas gritei em silêncio. Gosto muito de assistir aos jogos do Flamengo sozinho na noite, ainda mais para comemorar um título. Mas no fundo, o gol não mudava muitas coisas, com um gol só do Athletico, tinha de batalhar de novo para o tricampeonato.
André Santos foi expulso, Manoel cabeceou, Felipe salvou. Num contra-ataque, Paulinho quase fez o segundo. Mas o segundo era para o homem do ano, o ídolo Hernane. Amaral achou na direita Luiz Antônio, que fez um drible de vaca e cruzou na área. O domino de Hernane não foi de craque, foi de ídolo. O chuto não foi na técnica, foi na raça, no amor, na paixão. Flamengo 2×0, Hernane acabou com o jogo, fez o gesto do acabou, o Maracanã em delírio, eu também em delírio no meu quarto dividido. Esse jogo foi uma das minhas maiores emoções com o Flamengo, o Flamengo era campeão.
Hernane merecia muito esse gol, fez uma temporada de sonho. O Brocador foi artilheiro do campeonato carioca, vice-artilheiro do Brasileirão, artilheiro da Copa do Brasil. Fez 36 gols no ano, foi eleito craque da galera. Não era exatamente craque, mas era da galera, tinha essa ligação com a torcida que poucos têm. Deu muitas alegrias aos flamenguistas, a maior, sem dúvida, esse 27 de novembro de 2013, quando Flamengo foi tricampeão da Copa do Brasil.
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Times históricos #5: Flamengo 1964

O Flamengo de 1964 tinha alguns nomes conhecidos no elenco, como o goleiro Marcial, o zagueiro Ditão, o lateral-esquerdo Paulo Henrique, o meio-campista Nélson, o atacante Aírton. Tinha o ídolo, Carlinhos, de quem já falei aqui. E tinha também o gringo, Espanhol, chamado assim porque nasceu na Espanha. Se mudou no Brasil com seus pais, quando ele tinha 13 anos. Começou na base do Flamengo e jogou no clube até esse ano de 1964. Depois, jogou durante dez anos no Atlético de Madrid, jogando também pela seleção espanhola, com quem jogou a Copa do Mundo 1966.
Flamengo tinha também como técnico uma lenda, Flávio Costa. Ganhou 4 títulos do campeonato carioca com Flamengo, e 4 outros com o Vasco. Depois, voltou no Flamengo, onde ganhou mais um título carioca, em 1963, no eterno Fla x Flu, na frente de 194 603 torcedores no Maracanã.
Flamengo começou a temporada de 1964 com alguns jogos amistosos, inclusive o Torneio Internacional de Santiago, torneio de muita história e tradição. Flamengo venceu o Racing da Argentina, o Nacional do Uruguai, o Colo-Colo do Chile, mas a derrota contra Universidad do Chile logo na primeira rodada foi fatal e Flamengo ficou com o vice. Se recuperou e conquistou o Torneio Triangular de Medelin, vencendo tanto o Atlético Nacional que o Independiente.
Primeira competição oficial do ano foi o Torneio Rio – São Paulo, em março. Flamengo começou com duas vitórias, contra Corinthians no Pacaembu e Vasco no Maracanã. No dois jogos, Aírton e Paulo Alves fizeram os gols. Depois, ganhou apenas mais um jogo no torneio, mas uma vitória histórica. No Maracanã, com 132.550 espectadores, Flamengo recebeu Santos. Pelé abriu o placar logo no primeiro minuto, Flamengo empatou, Pepe fez mais um pelo Peixe, Flamengo empatou de novo. E Flamengo virou, com gol de Aírton nos dez minutos finais. Mas no fim, o campeão foi Santos, com 14 pontos, quatro a mais do que Flamengo, que ficou na terceira colocação.
Flamengo não parou de fazer história em 1964, com uma excursão na África, Ásia e Europa. Jogou na Costa de Marfim, Gana, Líbano. Fez 1×1 contra o Milan no San Siro, venceu o Troféu Naranja contra o Nacional do Uruguai e o anfitrião, Valência. Espanhol, quase em casa, fez o gol do título pelo Mengão. O Mengão goleou 5×1 a seleção da Alemanha Ocidental, com 5 gols de Aírton! Jogou também na URSS, o que viajou o Flamengo de 1964 foi brincadeira. Na excursão, foram 3 continentes, 14 jogos, 9 vitórias, 3 empates e apenas duas derrotas. Flamengo foi gigante no mundo inteiro.
Para fechar o ano, o campeonato carioca. No primeiro turno, venceu Vasco e Botafogo, mas perdeu contra Bangu e Flu. No segundo turno, mais um Fla-Flu eterno, porém sem vencedor. No Maracanã, com 136.600 torcedores, foi 3×3. Grande nome do Flamengo foi Osvaldo, que fez o gol do 1×1 no início do jogo com um golaço de falta, e fez o gol do 3×3 no último minuto, de pênalti. Flamengo goleou Canto do Rio 6×0, mas depois teve um sequencia ruim, com derrotas contra America e Bangu, e empate contra São Cristóvão. No último jogo, Flamengo precisava de uma vitória contra Botafogo para ser campeão pela 15a vez de sua história, ou de um empate para força um triangular final. Mas perdeu o jogo, que também foi o último jogo de uma lenda do futebol brasileiro, Nílton Santos. Na decisão, Fluminense venceu Bangu. Aírton foi artilheiro do Flamengo, com 17 gols, a dois gols do artilheiro do campeonato, Amoroso do Fluminense.
Como campeão carioca 1963, Flamengo jogou mais uma competição em 1964, a Taça Brasil. Estreou na semifinal com vitória no Ceará, contra o time do mesmo nome. No Maracanã, venceu mais uma vez o Ceará, com dois gols de Aírton e um de Carlinhos. Na final, um monstro, o Santos de Pelé. No Pacaembu, Flamengo foi goleado 4×1 com hat-trick de Pelé e gol de Coutinho. O 0x0 no Maracanã consagrou Santos.
Apesar das decepções finais, Flamengo fez brilhar seu nome em 1964 nos quatro cantos do mundo, no Chile, na Colômbia e no Brasil, na África e na Ásia, na Europa do Oeste e do Este. Parabéns Flamengo!
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Jogos eternos #11: Flamengo 3×2 Atlético Mineiro 1998

Flamengo x Atlético Mineiro é um clássico do futebol brasileiro. Talvez o maior clássico interestadual. Dois jogos Flamengo x Atlético Mineiro fazem parte dos maiores jogos do Flamengo. Em 1980 e 1987. Duas vitórias 3×2. Hoje vamos de uma outra vitória 3×2, mas sem título no fim, em 1998.
No Brasileirão 1998, Flamengo não estava bem. Na verdade, estava muito mal, com apenas 3 vitórias nos 15 primeiros jogos! Precisava de uma vitória para ainda acreditar numa classificação nas quartas de final. Poucas pessoas pareciam ainda acreditar no título, no Maracanã para enfrentar o Galo, tinha apenas 7.467 torcedores.
No 3 de outubro de 1998, o lendário Evaristo de Macedo escalou Flamengo assim: Clemer; Pimentel, Ricardo Rocha, Luís Alberto, Vagner; Fabinho, Jorginho, Cleisson, Iranildo; Romário, Rodrigo Fabri. Romário merecia um time melhor do que isso.
Romário era craque absoluto, um dos maiores jogadores da história do Flamengo. Começou com um chute no travessão, depois provocou uma falta com um drible sensacional. Um presente para Fabiano, que achou a gaveta do goleiro Emerson. Um golaço.
No segundo tempo, o Galo empatou com um gol de uma outra lenda do futebol brasileiro, Paulo Baier, na época ainda chamado Paulo César. Romário provocou uma outra falta, agora com cartão vermelho, de Lima, que não conseguia parar Romário limpamente. Mesmo em desvantagem numérica, Galo desempatou, com gol de Marques.
O Atlético Mineiro tinha 10 jogadores, Flamengo tinha 10 jogadores + um craque, Romário. Primeiramente, achou em um toque de trivela, de muita categoria, Cleisson, que achou duas vezes a trave no mesmo chute. Depois, Romário achou as redes do Atlético. Um domínio, um chute, um gol de Romário. Parecia muito simples. 2×2 no placar.
Romário ainda tinha o gol da virada, uma jogada de craque, um golaço, no tempo adicional. Com um lateral jogado rapidamente pelo Jorginho, Romário dominou de joelho. Essa matada de bola parecia simples também, mas tem poucos jogadores capazes de fazer isso. Romário fez a finta de corpo, eliminou um jogador. Deixou de trivela para Iranildo, que procurou a tabela. No domínio, Romário eliminou mais um defensor. Também um domíniode craque. No mesmo lance, Romário fazia dois domínios de classe, uma chamada de bola de um típico centroavante que entende o jogo. Faltava a finalização, num ângulo fechado, não para Romário. Com força, Romário fez o gol da virada, a jogada do craque, o golaço.
Inclusive, o gol relembre um pouco o gol de Nunes, também num 3×2 contra Galo, no Brasileirão de 1980. Mas o final em 1998 foi mais difícil para o Flamengo. Apesar de terminar o campeonato com 6 vitórias nos últimos 8 jogos, Flamengo não se classificou para as quartas de final. Romário merecia coisas melhores, mas mesmo assim, fez sonhar os torcedores no Maracanã contra o Atlético Mineiro, com dois gols no 3×2, sempre um bom placar para vencer o Galo.
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Jogos eternos #10: Corinthians 0x1 Flamengo 2019

Antes da final da Copa do Brasil, vamos relembrar um outro Corinthians x Flamengo da Copa do Brasil, na Arena Corinthians, em 2019. O ano precedente, os times já se haviam enfrentados na Copa do Brasil, na semifinal, com classificação do Corinthians, antes de perder a final contra o Cruzeiro de Arrascaeta.
Flamengo teve de esperar um ano só para se vingar. Agora era oitavos de final, estreia na competição para o Flamengo. O Corinthians, que foi apenas 13o do Brasileirão 2018, começou na primeira fase, passando Ferroviário, Avenida, Ceará e Chapecoense para chegar nas oitavas de final.
No 15 de maio de 2019, Abel Braga escalou Flamengo assim: Diego Alves; Pará, Rodrigo Caio, Léo Duarte, Renê; Willian Arão, Gustavo Cuellar, Arrascaeta; Everton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol. Um time pronto a ser eternizado, com algumas peças diferentes daqui o fim do ano.
Apito inicial de Anderson Daronco e primeira chance de Flamengo, com uma cabeçada de Léo Duarte. Flamengo dominou, mas Cássio fez algumas defesas. Jogo foi mais equilibrado no segundo tempo, com chutes de Danilo Avelar e Renê passando perto do gol. Mas no momento, ainda era 0x0.
No 34o minuto do segundo tempo, Bruno Henrique, sem dúvida o jogador ofensivo do Flamengo mais em ação, cruzou na grande área, Willian Arão chegou de trás e cabeceou na gaveta de Cássio. Willian Arão, que começou sua carreira no Corinthians, fazia mais um gol de cabeça com o Manto Sagrado. Confesso que não era um grande fã do Willian Arão, mas ele fez gols importantíssimos pelo Flamengo e aquele contra o Corinthians foi um deles.
Flamengo vencia 1×0 no jogo de ida, também venceu 1×0 no jogo de volta, mas caiu nas quartas de final contra o Athletico Paranaense. A história de hoje será diferente, mas esperamos o mesmo final na Arena Corinthians: vitória do Flamengo.






